Protestos em Madri: os confrontos deixaram 23 pessoas levemente feridas (©AFP / cesar manso)
Da Redação
Publicado em 13 de julho de 2012 às 23h37.
Madri - Funcionários públicos espanhóis foram às ruas de Madri, nesta sexta-feira, para protestar contra a mais recente rodada de medidas de austeridade fiscal anunciada pelo governo e contra a segunda redução do salário da categoria em dois anos. Cerca de 500 de manifestantes, alguns vestidos de preto em sinal de luto, deixaram o complexo ministerial em Madri, capital da Espanha, e bloquearam o tráfego.
Os trabalhadores, que já viram seus salários serem diminuídos em 5% em 2010, costumam receber 14 salários por ano. O governo quer cortar um pagamento extra normalmente feito antes do Natal. Funcionários do Ministério da Justiça na cidade de Valência, leste do país, gritavam "mãos para cima, isto é um assalto!" durante manifestação em repúdio à decisão.
Os cortes são parte do pacote anunciado pelo primeiro-ministro Mariano Rajoy que prevê enxugar 65 bilhões do orçamento em 2015. O gabinete de Rajoy deve aprovar as medidas nesta sexta-feira. O plano, que também inclui aumento no imposto sobre vendas e revisão de benefícios, foi apresentado após os outros 16 países da zona do euro terem aprovado uma ajuda de 30 bilhões para os bancos espanhóis.
"A Espanha passa por um de seus momentos mais dramáticos", disse a vice-primeira-ministra Saenz de Santamaria após uma reunião de gabinete, na qual o aumento de impostos e os cortes de gastos foram aprovados.
Admitindo que as medidas de austeridade não são "sem simples, nem fáceis, nem populares", disse ela, afirmando que o governo vai tentar aplicar as medidas "com o máximo de justiça e equidade".
O governo conservador espanhol é alvo de crescentes críticas por ter como alvo a classe média e os trabalhadores, e não os ricos. "O governo deveria ir atrás das grandes companhias que não pagam impostos e banqueiros que cometeram fraudes e jogaram este país no chão", disse Pablo Gonzalez, 52 anos, que trabalha no governo regional de Madri. "Em vez disso, nós pagamos."
A elevação dos impostos sobre o comércio, que representa uma ameaça ao consumo no país e pode piorar ainda mais a recessão espanhola, passa a valer em 1º de setembro. Outras reformas entrarão em vigor mais tarde, dentre elas o projeto de acelera gradualmente a idade mínima para a aposentadoria, que vai subir de 65 para 67 anos.
O sistema bancário espanhol está encontrando dificuldade para se financiar, sob o peso de empréstimos e ativos tóxicos vindos do colapso do mercado imobiliário em 2008. Investidores estão receosos em colocar dinheiro em bancos espanhóis, que estão sendo obrigados a voltar-se para o Banco Central Europeu (BCE) em busca de financiamento. As informações são da Associated Press.