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Fukushima atrapalha planos de Abe para reabrir centrais

Planos do premiê incluem reativar o uso de energia nuclear e reduzir o preço da energia, necessário para impulsionar reformas econômicas


	Funcionário realiza a leitura da radiação na Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, administrada pela TEPCO
 (Toshifumi Kitamura/Reuters)

Funcionário realiza a leitura da radiação na Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, administrada pela TEPCO (Toshifumi Kitamura/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2013 às 15h35.

Tóquio - A radiação que está vazando da usina avariada de Fukushima ameaça anular os esforços do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, para reativar o uso de energia nuclear no país e reduzir o preço da energia, necessário para impulsionar suas reformas econômicas.

Enquanto Abe se prepara para sua viagem ao Oriente Médio, onde promoverá a venda de tecnologia nuclear, a indústria atômica local está cambaleando. O órgão regulador de energia nuclear do país afirmou nesta semana que um novo vazamento de água radiativa é o incidente mais sério na usina Dai-Chi de Fukushima desde o acidente que devastou o lugar em março de 2011.

O último contratempo poderia aumentar a indignação pública com Fukushima, obstaculizando os esforços de Abe para reabrir algumas das 48 centrais nucleares paradas e impulsionar as exportações nucleares, duas medidas que fazem parte do seu plano para reativar a economia. Abe, que deve decidir se implementa um aumento no imposto às vendas, está contando com a reabertura das centrais para ajudar a reduzir as importações energéticas e impulsionar o crescimento da confiança do consumidor e os lucros corporativos.

Até agora, a popularidade de Abe foi favorecida pelo sucesso inicial do seu plano econômico, que incluiu estímulos fiscais e monetários, que desvalorizaram o iene em 15 por cento desde que ele chegou ao poder em dezembro, aumentando os lucros dos exportadores e o crescimento econômico. Contudo, a desvalorização do iene incrementou os custos do combustível importado, fazendo com que o funcionamento das centrais nucleares seja essencial para evitar que os custos energéticos aumentem e que a potencial aplicação do imposto às vendas asfixie a recuperação.

Antes do acidente de Fukushima, a energia nuclear fornecia mais de 25 por cento da eletricidade usada no Japão. Agora, 48 dos 50 reatores do país estão parados para revisões de segurança depois do terremoto e do tsunami que avariaram a estação de Fukushima em 2011 – o pior acidente nuclear desde o desastre de Chernobyl em 1986. Muitos dos 160.000 moradores evacuados da área não voltaram e algumas atividades agrícolas e pesqueiras continuam proibidas na zona.

Oposição pública

A Agência Regulatória de Energia Nuclear do país qualificou o novo vazamento de “grave” e colocou em dúvida a capacidade da proprietária da usina, a Tokyo Electric Power Co., ou Tepco, de lidar com a crise. O vazamento foi considerado de categoria três numa escala estabelecida pela Agência Internacional de Energia Atômica. A fusão nuclear ocorrida em 2011 em Fukushima está dentro da categoria de segurança de maior severidade de sete na Escala Internacional de Eventos Nucleares e Radiológicos – a mesma de Chernobyl.

Mesmo antes de o novo vazamento ser divulgado, a maior parte da opinião pública era contra reabrir as centrais. Segundo uma pesquisa da Kyodo News feita entre 13 e 14 de julho, 51 por cento dos japoneses se opunha a reabri-las e 40 por cento era a favor. A nova revelação poderia aumentar a percepção negativa sobre a energia nuclear, segundo Koichi Nakano, professor de política na Sophia University em Tóquio.

Além de apoiar a volta para a energia nuclear, Abe fez da tecnologia nuclear parte do seu plano econômico e promoveu companhias como a Toshiba Corp e a Mitsubishi Heavy Industries Ltd. Em sua viagem para quatro países do Oriente Médio, Abe oferecerá “cooperação no campo da segurança nuclear” no Kuwait e no Qatar, segundo um documento sobre a viagem.

“Fechar as centrais nucleares devastaria os planos do Japão para se tornar um grande exportador do setor”, disse Jeff Kingston, professor de política japonesa no campus da Universidade Temple em Tóquio. “Também frearia a estratégia de crescimento”.

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