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Fuga de quase 125 mil rohingyas pressiona líder de Mianmar

Confrontos com militares mataram ao menos 400 pessoas e desencadearam um êxodo de moradores de vilarejos para Bangladesh

Aung San Suu Kyi está sendo pressionada por países com grandes populações muçulmanas a deter a violência em Mianmar (Darren Whiteside/Reuters)

Aung San Suu Kyi está sendo pressionada por países com grandes populações muçulmanas a deter a violência em Mianmar (Darren Whiteside/Reuters)

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Reuters

Publicado em 5 de setembro de 2017 às 09h29.

Última atualização em 5 de setembro de 2017 às 09h55.

Shamlapur, Bangladesh/Daca - A líder de Mianmar e ganhadora do Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, está sendo pressionada por países com grandes populações muçulmanas, incluindo Bangladesh, Indonésia e Paquistão, a deter a violência contra os muçulmanos rohingyas, depois que quase 125 mil deles fugiram para Bangladesh.

Repórteres da Reuters viram centenas de rohingyas exaustos chegando de barco perto do vilarejo de Shamlapur, em Bangladesh, próximo da fronteira de Mianmar.

O vilarejo, que tem vista para o Golfo de Bengala, parece ter se tornado o mais novo ponto de acolhimento de refugiados desde que as autoridades reprimiram o tráfico humano em uma parte diferente da península de Teknaf.

A ministra das Relações Exteriores indonésia, Retno Marsudi, deve chegar a Daca, capital de Bangladesh, nesta terça-feira depois de se encontrar com Suu Kyi e com o chefe do Exército, Min Aung Hlaing, para pedir que Mianmar interrompa o derramamento de sangue.

"As autoridades de segurança precisam deter imediatamente todas as formas de violência ali e proporcionar assistência humanitária e auxílio de desenvolvimento para o curto e o longo prazo", disse Retno depois de suas reuniões na capital de Mianmar.

Os episódios mais recentes de violência em Rakhine, Estado do noroeste de Mianmar, tiveram início em 25 de agosto, quando insurgentes rohingya atacaram dezenas de postos policiais e uma base do Exército.

Os confrontos resultantes e uma contraofensiva militar mataram ao menos 400 pessoas e desencadearam um êxodo de moradores de vilarejos para Bangladesh.

O tratamento dos cerca de 1,1 milhão de muçulmanos rohingya em Mianmar é o maior desafio enfrentado por Suu Kyi, que vem sendo acusada por críticos ocidentais de não se posicionar a respeito de uma minoria que vem se queixando de perseguição há tempos.

Mianmar diz que suas forças de segurança realizam uma campanha legítima contra "terroristas" responsáveis por uma série de ataques contra postos policiais e o Exército desde outubro passado.

As autoridades de Mianmar culpam militantes rohingyas pelo incêndio de casas e pela morte de civis, mas monitores de direitos humanos e os rohingyas em fuga para a vizinha Bangladesh afirmam que o Exército de Mianmar está tentando expulsá-los com uma campanha de incêndios criminosos e assassinatos.

"A Indonésia está tomando a dianteira, e existe a possibilidade de países da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) se unirem", disse H.T. Imam, conselheiro político da primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, à Reuters.

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