Mundo

François Hollande defende liberdade de expressão

Suas declarações foram dadas um dia após a publicação do jornal satírico ter desencadeado violentos confrontos, incluindo mortes, em alguns países muçulmanos

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2015 às 09h55.

Paris - O presidente francês, François Hollande, disse neste sábado que os manifestantes anti-Charlie Hebdo em outros países não entendem o apego da França à liberdade de expressão.

Suas declarações foram dadas um dia após a publicação pelo jornal satírico de uma charge do profeta Maomé ter desencadeado violentos confrontos, incluindo mortes, em alguns países muçulmanos.

A demanda disparou pela primeira edição do Charlie Hebdo desde que dois militantes armados invadiram seu escritório e mataram 12 pessoas no início de três dias de violência que chocaram a França.

Distribuidores do jornal semanal disseram que sua tiragem foi elevada para sete milhões de cópias, superando a sua circulação normal de apenas 60 mil.

A charge de Maomé em sua primeira página indignou muitos no mundo muçulmano, desencadeando manifestações que se tornaram violentas na Argélia, Níger e Paquistão na sexta-feira.

"Temos apoiado estes países na luta contra o terrorismo", disse Hollande durante uma visita à cidade de Tulle, tradicionalmente seu reduto político.

"Ainda quero expressar minha solidariedade (para eles), mas, ao mesmo tempo, a França tem princípios e valores, em particular a liberdade de expressão", acrescentou.

Os tiroteios em Paris foram motivados pela publicação anterior de charges de Maomé pelo Charlie Hebdo, uma representação que muitos muçulmanos consideram uma blasfêmia.

A polícia disparou gás lacrimogêneo em Níger, neste sábado, em centenas de manifestantes que atiravam pedras em um segundo dia de confrontos sobre a publicação da imagem do Charlie Hebdo. Um policial e três civis foram mortos na sexta-feira no Zinder, a segunda cidade da ex-colônia francesa, enquanto igrejas foram queimadas e lares cristãos saqueados.

Os protestos também se tornaram violentos na sexta-feira na cidade do sul do Paquistão de Karachi, onde a polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água contra os manifestantes do lado de fora do consulado francês.

"Há tensões no exterior, onde as pessoas não entendem o nosso apego à liberdade de expressão", disse Hollande. "Nós vimos os protestos, e eu diria que na França todas as crenças são respeitadas." Produzida por sobreviventes do ataque ao jornal, a última edição do Charlie Hebdo esgotou em minutos quando chegou às bancas na quarta-feira. Ela mostra uma caricatura de um Maomé choroso com os dizeres "Je suis Charlie" (Eu sou Charlie) e sob as palavras "Tudo está perdoado." (Reportagem adicional de Gregory Blachier)

Acompanhe tudo sobre:EuropaFrançaFrançois HollandePaíses ricosPolíticosTerrorismo

Mais de Mundo

O que é PETN, químico altamente explosivo que pode ter sido usado em pagers do Hezbollah

Novo centro de processamento de minerais vai fazer com que o Canadá dependa menos da China

Biden diz a Trump que os migrantes são o "sangue" dos Estados Unidos