O novo presidente paraguaio Federico Franco: ''Esta iniciativa do governo é de suma importância para que o povo possa dialogar'' (Norberto Duarte/AFP)
Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2012 às 21h52.
Assunção - O presidente do Paraguai, Federico Franco, manteve nesta quinta-feira o primeiro diálogo com dirigentes de grupos de sem-terras para tentar evitar novas invasões de fazendas como as registradas recentemente no nordeste do país.
O governante conversou com os dirigentes e com autoridades das zonas mais afetadas pelo problema agrário na sede do governo, onde confirmou o interesse em recuperar uma propriedade em disputa em Curuguaty, onde 17 pessoas morreram em enfrentamento durante uma operação de despejo no dia 15 de junho.
''Esta iniciativa do governo é de suma importância para que o povo possa dialogar, para que se possa conseguir esse pedaço de terra para os trabalhadores'', disse o deputado pelo departamento de Canindeyú, Herminio Dávalos.
Durante a reunião também se falou do conflito que persiste em torno de uma fazenda de produção de soja de Ñacunday, onde os sem-terras fazem constantes ocupações sob o argumento de que o local é uma propriedade estatal cedida ilegalmente aos colonos brasileiros.
Sobre a situação de Ñacunday, os camponeses solicitaram a Franco a compra das terras, enquanto o governante pediu que eles consigam uma carta de oferta para que o Estado inicie o tramite para a aquisição de propriedades nessa região.
O governo começou em 30 de julho um censo da zona de Curuguaty, em Canindeyú, quando o presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert), Luis Ortigoza, reiterou a vontade ''indeclinável'' de recuperar para o Estado a propriedade em disputa.
O massacre ocorrido em Curuguaty, um fato sem precedentes no país, foi um dos motivos da destituição do presidente Fernando Lugo, condenado em 22 de junho em ''julgamento político'' no Parlamento por mau desempenho de suas funções.
O caos nos registros de propriedade complica a solução do conflito pela terra no Paraguai, onde um terço da superfície cultivável do país foi distribuída irregularmente durante a ditadura de Alfredo Stroessner e nos 15 anos posteriores.