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Francisco, o primeiro papa latino-americano comove a região

Apesar de não conseguir deter a fuga de fiéis, o maior desafio do Sumo Pontífice é recuperar os católicos que se afastaram da Igreja

Papa Francisco saindo de ônibus ao chegar em Ariccia, nos arredores de Roma: apenas 1% dos argentinos têm imagem ruim do papa, segundo instituto Catterberg (AFP)

Papa Francisco saindo de ônibus ao chegar em Ariccia, nos arredores de Roma: apenas 1% dos argentinos têm imagem ruim do papa, segundo instituto Catterberg (AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de março de 2014 às 20h17.

Francisco, o primeiro papa latino-americano, comove a região com mais católicos do planeta, ao despertar um fervor religioso por um novo estilo que aproxima a Igreja do povo, após um ano de Pontificado.

Apesar de não conseguir deter a fuga de fiéis, o maior desafio do Sumo Pontífice é recuperar os católicos que se afastaram da Igreja, muitas vezes atraídos pelos evangélicos.

Este desafio explica por que motivo o Brasil foi um dos seus primeiros destinos, em julho passado, durante a Jornada Mundial da Juventude, quando levou sua proposta de atenção à periferia, ajuda aos menos favorecidos e busca de justiça social.

Segundo Daniel H. Levine, professor emérito de ciência política da Universidade de Michigan e autor do livro "Politics, Religion and Society in Latin America", ainda é incerto dizer que o "papa possa reverter esta tendência" que aponta para um crescimento do número de fiéis inferior ao aumento da população.

"A Igreja Católica não pode seguir atuando como se fosse um monopólio. Hoje há muita concorrência", advertiu.

Em sua Argentina natal, com o entusiasmo que gerou a chegada de Jorge Bergoglio ao Vaticano, "foi revertida a tendência dos últimos seis anos que apontava para a queda dos valores religiosos e para um maior questionamento da Igreja", disse à AFP a socióloga Marita Carvallo, titular da consultoria Voices, que executou três pesquisas de opinião em 2013.

Com 70% de católicos entre 40 milhões de habitantes, "nove a cada dez argentinos têm uma imagem positiva do papa Francisco, mas apenas dois a cada dez frequentam a Igreja semanalmente", assinalou Carvallo.

Apenas 1% dos argentinos têm uma imagem ruim do papa, segundo o instituto Catterberg, e 69% estimam que Francisco está gerando "grandes mudanças" na Igreja Católica.


Vaticano está mais perto

"Com Francisco o Vaticano está mais perto. Ele desperta o interesse em massa na América Latina. Todo sul-americano se sente próximo" a ele, disse à AFP Mario Miceli, vigário da Juventude do Arcebispado de Buenos Aires, que Bergolio dirigia.

Os jovens multiplicaram sua participação nas procissões e em outras atividades religiosas, como acampamentos solidários, assinalou Miceli. "Se sentem convidados e incluídos".

As únicas críticas que se escutam procedem da comunidade homossexual, que lamenta a falta de mudança.

"As esperanças dos católicos no novo pontificado foram justificadas em parte por Francisco, mas ainda existe uma espécie de dívida que o papa precisa pagar, basicamente a partir de medidas concretas", assinalou à AFP o historiador peruano Juan Fonseca Ariza.

Apesar desta dívida, que inclui "medidas mais efetivas contra a pedofilia", com seu discurso o papa "abre possibilidades de reencontro da Igreja com a sociedade em temas como divórcio, aborto e casamento gay, sem que isto implique em um afastamento total da ortodoxia".

"É fabuloso. É a melhor pessoa que poderia estar lá. O mundo está mudando e precisa de muita mudança. A Igreja não pode continuar como é, mas vai haver problemas porque os poderes não se movem facilmente", disse à AFP a contadora Nancy Leiva, 49 anos.

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