Papa Francisco: primeira viagem do pontífice foi ao Brasil (Reprodução/Exame)
Agência de Notícias
Publicado em 21 de abril de 2025 às 09h20.
Última atualização em 21 de abril de 2025 às 09h22.
O arcebispo de Buenos Aires nascido com o nome Jorge Mario Bergoglio e que morreu nesta segunda-feira, aos 88 anos, tornou-se o primeiro Papa latino-americano em 13 de março de 2013, mas sua relação com o continente ao longo desses 12 anos não foi fácil: não apenas em sua terra natal, para onde nunca retornou, mas também devido às contínuas mudanças políticas e a um distanciamento da Igreja Católica que ele não conseguiu conter.
Dos 66 países que visitou como pontífice, dez estavam na América Latina, onde vive o maior número de católicos do mundo, mas também onde o Vaticano continua a perder terreno.
"Nos últimos 30 anos, a Igreja Católica na América Latina perdeu mais de 70 milhões de fiéis, praticamente todos eles dos setores médios e pobres da sociedade, que se voltaram em massa para as comunidades evangélicas", disse o analista internacional argentino Jorge Castro sobre uma tendência que continua.
Mas esse pontificado também viu a radicalização dos regimes na Venezuela e na Nicarágua com uma ruptura total com a Igreja e o avanço da secularização na Argentina e no Chile, bem como a eclosão de casos de abuso em vários países, o que não ajudou o Papa em seu relacionamento com o continente.
Embora o Papa Francisco tenha iniciado seu pontificado com importantes viagens à América Latina e levando-a em consideração em seus discursos e apelos, suas referências desapareceram gradualmente por medo de que fossem usadas politicamente e se tornassem contraproducentes.
Os apelos do Papa se concentraram na Amazônia e se tornaram um grito de guerra contra as mudanças climáticas, uma questão à qual ele dedicou um Sínodo extraordinário que mais uma vez colocou a América Latina e seus problemas no centro do pontificado.
Em entrevista à agência de notícias argentina "Telan", o Papa Francisco retomou a ideia inicial de seu pontificado, reiterada durante suas viagens pelos países latino-americanos que visitou.
"A América Latina ainda está nesse lento caminho de luta, do sonho de San Martín e Bolívar pela unidade da região. Ela sempre foi vítima, e sempre será vítima até que seja libertada, do imperialismo explorador", disse ele, voltando à ideia de Simón Bolívar sobre a "Grande Pátria".
A grande tarefa inacabada do pontífice era o retorno à Argentina e, embora ele tenha garantido que o faria, essa opção sempre esteve muito distante para aqueles que o conheciam bem. As contínuas mudanças políticas e a divisão do país em relação a ele o fizeram desistir.
As viagens do Papa Francisco à América Latina foram:
BRASIL: Sua primeira viagem, entre 22 e 29 de julho de 2013, para participar da 28ª Jornada Mundial da Juventude realizada no Rio de Janeiro, que serviu para tornar o Papa Francisco conhecido pelo mundo.
EQUADOR, BOLÍVIA E PARAGUAI: De 5 a 12 de julho de 2015, viajou a esses três países, onde pediu perdão pelos crimes contra os povos indígenas durante a conquista da América e entrou em contato com os movimentos sociais em um ato no qual, com um discurso muito político, denunciou a economia atual.
CUBA E ESTADOS UNIDOS: Foi a décima viagem internacional, de 19 a 28 de setembro de 2015, ocasião em que o Papa deu grande atenção aos migrantes.
MÉXICO: De 12 a 18 de fevereiro de 2016, ele tocou em questões como corrupção, violência, pobreza, feminicídio e migração.
COLÔMBIA: O Papa viajou de 6 a 11 de setembro de 2017 para levar uma mensagem de reconciliação após os históricos acordos de paz entre o governo e as guerrilhas das Farc. Em um evento em Villavicencio, ouviu testemunhos de vítimas e autores do conflito armado que devastou o país.
CHILE E PERU: De 15 a 21 de janeiro de 2018, o Papa Francisco viajou ao Chile, onde defendeu o povo indígena mapuche, mas essa foi uma das viagens mais difíceis de seu pontificado, pois ocorreu em meio a escândalos de abuso sexual de crianças envolvendo padres.
PANAMÁ: O Papa viajou para o Panamá em janeiro de 2019 para participar da 34ª Jornada Mundial da Juventude e mobilizar os jovens latino-americanos contra a pobreza, a violência e o drama da crise migratória. EFE