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França vai cortar 12% de militares em orçamento de seis anos

Cortes de gastos e desejo de forças mais ágeis alteram a composição do segundo maior exército da Europa


	Soldado francês: Ministério da Defesa alertou em abril que seu orçamento permaneceria fixo nos próximos anos quando apresentou as prioridades para 2014-19
 (Fred Tanneau/AFP)

Soldado francês: Ministério da Defesa alertou em abril que seu orçamento permaneceria fixo nos próximos anos quando apresentou as prioridades para 2014-19 (Fred Tanneau/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2013 às 11h03.

Paris - A França vai cortar cerca de 34.000 militares como parte de uma proposta de orçamento de seis anos para a defesa que será anunciado nesta sexta-feira, no momento em que os cortes de gastos do governo e o desejo de forças mais ágeis alteram a composição do segundo maior exército da Europa.

O ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, vai apresentar o orçamento de 190 bilhões de euros (251 bilhões de dólares) em uma reunião do gabinete.

O Ministério da Defesa alertou em abril que seu orçamento permaneceria fixo nos próximos anos quando apresentou as prioridades para 2014-19, em uma estratégia que antecipou o corte de 12 por cento no pessoal.

O governo quer cortar os gastos do Estado em 60 bilhões de euros nos cinco anos do mandato para alcançar metas de défict, mas evita cortes drásticos nos gastos militares depois de oficiais das Forças Armadas e parlamentares disseram que isso afetaria a capacidade da França de reagir a ameaças de segurança globais.

Ainda assim, o corte de postos de trabalho de militares vai ter impacto, num momento de alta do desemprego a insatisfação com o presidente socialista François Hollande devido a sua incapacidade de reanimar a economia.

De acordo com o esboço do orçamento, os militares vão desacelerar a entrega de aviões Rafale encomendados da Dassault Aviation, recebendo apenas 26 caças nos próximos seis anos, abaixo dos cerca de 11 aviões ao ano.

O governo espera que as encomendas estrangeiras absorvam alguns dos aviões feitos pela semi-estatal Dassault, que ainda espera vender um de seus carro-chefe Rafales no exterior, mas diz ser preciso produzir pelo menos 11 por ano para operar de forma eficiente.

A mudança vai atrasar os pagamentos prometidos pelos aviões, no valor de cerca de 120 milhões de dólares cada, aliviando a pressão sobre os cofres públicos.


Depois de uma concorrência feroz com rivais dos EUA, russos e europeus, a França está em negociações exclusivas para vender 126 caças Rafale à Índia e espera concluir um acordo até o final do ano. Ela também disputa contra o Eurofighter, produzido em conjunto por quatro países, e outros por encomendas no Catar, Emirados Árabes Unidos, Brasil e Malásia.

"Não há nenhuma razão para se preocupar com a Dassault", disse o ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian, à rádio Europe 1. "Estou muito confiante sobre a capacidade de exportação do Rafale nos próximos meses".

Uma fonte próxima ao ministro disse que se ficar claro daqui a dois anos que as encomendas de exportação não se firmaram, o ritmo de entregas de Rafale para a França deve ser revisto.

Pelos próximos três anos, o orçamento anual será congelado em 31,4 bilhòes de euros, o mesmo nível de 2013, com a expectativa de que aumente em 2017, 2018 e 2019.

O projeto de orçamento de seis anos prevê a eliminação de 23,5 mil postos de trabalho, 16 mil dos quais são cargos administrativos. Os outros 10 mil cortes foram ordenados no âmbito do orçamento anterior.

O setor militar da França emprega cerca de 228 mil pessoas hoje. Outras 165 mil pessoas são empregadas pela indústria de defesa, sem incluir empresas sub-contratadas.

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