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França no 2º turno: entenda essa histórica eleição presidencial

Peça-chave em uma União Europeia que lida com o Brexit, país vive momento decisivo neste domingo depois de uma corrida eleitoral polêmica e sem precedentes

Marine Le Pen e Emmanuel Macron (Charles Platiau/Reuters)

Marine Le Pen e Emmanuel Macron (Charles Platiau/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 6 de maio de 2017 às 07h00.

Última atualização em 6 de maio de 2017 às 08h28.

São Paulo – Os franceses voltam às urnas neste domingo (7) para escolher o seu futuro presidente. O desfecho vem após uma corrida eleitoral polêmica e que cravou um novo marco na política da França: pela primeira vez na história moderna do país, nenhum dos dois partidos tradicionais (Os Republicanos e Partido Socialista) está na decisão.

Os candidatos que disputam a presidência da França, membro-chave em uma União Europeia (UE) que lida com o Brexit, são o centrista Emmanuel Macron (Em Marcha!) e a líder da extrema-direita Marine Le Pen (Frente Nacional).

Macron tem 39 anos, atuou no mercado financeiro e jamais foi eleito para um cargo público. Le Pen, por sua vez, tem 48 anos, é advogada e milita pelo partido fundado por seu pai, Jean-Marie Le Pen. Por qualquer ângulo que se enxergue, é evidente que a dupla que representa visões totalmente distintas do futuro do país (Saiba mais sobre cada um deles).

1º turno

Macron terminou o 1º turno com 23,86% dos votos e Le Pen com 21,43%. Em terceiro, veio François Fillon (Os Republicanos) com 19,94%, seguido por Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), que obteve 19,62%. Benoît Hamon (Partido Socialista) amargou a última colocação com 6,35% da preferência dos eleitores.

O resultado que excluiu o Partido Socialista, hoje no poder com François Hollande, e Os Republicanos, representados pelo ex-presidente Nicolas Sarkozy, é mais um sintoma da insatisfação popular com o establishment.

Juntos, esses partidos registraram um resultado vergonhoso, com pouco mais de 26% do total dos votos. Em 2007, os dois terminaram com 66% da preferência dos eleitores e, em 2012, essa percentagem foi de 55,8%.

Insatisfação e incerteza

“A França de hoje mostra ter perdido a confiança nos partidos que estiveram no poder nos últimos 30 anos”, avalia Yann Duzert, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Os franceses não enxergam mais futuro nas políticas do passado”, constata, “agora, fica a pergunta sobre surpresas, especialmente dos eleitores de Mélenchon. ”

Representante da extrema esquerda, Mélenchon ganhou força às vésperas do 1º turno ao abocanhar grande parte dos votos do Partido Socialista. Até o momento, no entanto, o cenário entre seus eleitores segue incerto.

Segundo projeções da Reuters, 36,1% dos que votaram em Mélenchon disseram que vão votar em branco, 29,1% pretende se abster e 34,8% votarão em Macron. A escolha de Le Pen não foi ventilada como opção por nenhum dos entrevistados pela pesquisa.

Ao todo, 78% de pessoas aptas a votar compareceram às urnas no 1º turno, mas a expectativa é a de que um quarto delas deixem de votar. Essa taxa pode ser a segunda pior registrada na França desde 1965 e representa, sem dúvidas, um número nada desprezível de eleitores que pode definir os rumos do 2º turno.

Cenário atual da disputa

A última sexta-feira (5) marcou o último dia da campanha, poucos dias depois de um caloroso debate entre Macron e Le Pen em que os candidatos se atacaram ferozmente. “Você é o queridinho da elite”, disse a líder da extrema-direita. “Sua estratégia é um monte de mentiras”, respondeu o centrista.

Entre golpes e acusações, o debate parece ter sido mais favorável para Macron que Le Pen. Em uma das últimas pesquisas realizadas durante a semana, ele aparecia com 62% das intenções de voto ante 38% para ela.

Os números sinalizam a vitória do centrista, mas fato é que ainda é cedo para cravar um cenário. Contudo, independentemente das incertezas que permeiam a reta final, está claro que os franceses estão cansados e que o próximo presidente irá abrir novos capítulos na história da França.

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