Ataque terrorista: evento também servirá para oferecer mais detalhes sobre as iniciativas de seu governo contra o crime organizado e o terrorismo (Vincent Kessler/Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de janeiro de 2016 às 09h43.
Paris - A França lembra nesta quinta-feira o primeiro aniversário do atentado jihadista à revista satírica "Charlie Hebdo" que marcou o início de uma série trágico de ataques com importantes incógnitas na investigação e uma polêmica política sobre a retirada da nacionalidade dos terroristas.
O presidente, François Hollande, fará referência a esse aniversário nesta manhã em discurso na Prefeitura de Paris perante as forças de segurança.
Esse evento também servirá para oferecer mais detalhes sobre as iniciativas de seu governo, incluído o projeto de lei que será apresentado oficialmente em fevereiro e que endurece o Código Penal contra o crime organizado e o terrorismo.
Um projeto de lei que, sobretudo, outorga poderes suplementares às forças da ordem e aos promotores para realizar procedimentos - como revistas de domicílios ou residências vigiadas - que agora necessitam receber autorização dos juízes.
Hollande também está pensando em uma reforma constitucional para integrar na Carta Magna disposições sobre o estado de emergência - em vigor desde os atentados de Paris de 13 de novembro- e outras sobre a retirada da nacionalidade francesa de pessoas condenadas por terrorismo.
O primeiro-ministro, Manuel Valls, insistiu ontem que essa privação de nacionalidade não será praticada em nenhum caso dos que só gozem da nacionalidade francesa, já que o direito internacional impede a criação de apátridas, mas também que não é uma medida discriminatória que estigmatiza os binacionais.
A retirada da nacionalidade -segundo Valls- não menospreza "o direito de solo e nem a binacionalidade. Seu objetivo exclusivo são os terroristas condenados por crimes, franceses que decidiram atacar outros franceses".
À margem desta polêmica os investigadores seguem tentando determinar quem deu as ordens nos atentados de janeiro de 2015 em Paris que deixaram 17 mortos, tanto o ataque contra "a Charlie Hebdo" como o assassinato de um policial e de quatro reféns em um supermercado judeu.
Entre os nomes suspeitos por trás dos terroristas, os irmãos Saïd e Chérif Kouachi - assassinos de "Charlie Hebdo"- e Amedy Coulibaly - o da agente municipal de Montrouge e do supermercado "Hyper Cacher"-, figuram em particular Salim Benghalem e Peter Chérif.
Igualmente segue havendo dúvidas sobre o abastecimento das armas ou sobre os cúmplices com que contaram os três jihadistas, além dos quatro que já foram acusados por isso.