Imigrantes ilegais chegam à ilha de Lampedusa, na Itália: segundo Berlusconi, a Itália recebe em média 10 mil imigrantes por ano (Marco Di Lauro/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2011 às 10h17.
Roma - Os Governos da França e da Itália propuseram nesta terça-feira modificar o Tratado de Schengen, que estabelece a livre circulação de pessoas, uma consequência direta da atual crise migratória a partir do norte da África.
Ao fim da cúpula bilateral ítalo-francesa realizada nesta terça-feira em Roma, o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, explicou que durante seu encontro com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, os dois acordaram pedir "maior solidariedade" aos sócios comunitários para enfrentar a crise migratória.
"Falamos de Schengen. As coisas têm de ser reguladas entre os países amigos, tendo como base o direito existente. Ninguém quer negar Schengen, mas em circunstâncias excepcionais acordamos que pode haver variações que têm de serem trabalhadas de modo conjunto", comentou Berlusconi à imprensa.
"Por ano, a França recebe mais de 50 mil imigrantes. A Itália recebeu, ao contrário, em média 10 mil. O esforço da França foi cinco vezes superior ao da Itália, somos conscientes disso", acrescentou.
O chefe do Governo italiano explicou que desta cúpula sairá uma carta comum que a Itália e França enviarão ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, pedindo uma "maior solidariedade" aos sócios e a colaboração em medidas de apoio aos países do sul do Mediterrâneo.
Sarkozy, quem expressou a proximidade do povo francês com o italiano diante da emergência migratória enfrentada com a chegada de mais de 26 mil imigrantes ilegais do norte da África em 2011, indicou que o desejo da França é que "Schengen continue vivo, mas que para isso precisa ser reformado".
A cúpula ítalo-francesa realizada nesta terça-feira em Roma, na qual participaram os ministros do Interior, Economia e Exteriores dos dois países, resultou "muito, muito positivo", segundo explicou Berlusconi.
"França e Itália convergiram sobre todos os temas discutidos, situação na Líbia, no Mediterrâneo, migração e cooperação com o norte da África", indicou o chefe do Governo italiano.
"Decidimos trabalhar juntos nas relações com o Governo da Tunísia para a vigilância do litoral e diminuir o volume de imigração", indicou Berlusconi, quem explicou que o presidente francês compartilha a intenção dissuasória das medidas tomadas por seu Governo para impedir que mais tunisianos se joguem ao mar em direção ao litoral italiano.