Merkel e Hollande: os dois se encontraram para discutir a crise migratória, mas o tema do Reino Unido certamente esteve na agenda da reunião (Philippe Wojazer / Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de junho de 2016 às 16h26.
"Não há um plano B em caso de Brexit", repetem os dirigentes europeus, no entanto, uma iniciativa conjunta para o "dia seguinte" a uma eventual saída do Reino Unido da União Europeia começa a ser estudada por Paris e Berlim.
Seja qual for o resultado da votação de 23 de junho sobre a permanência do Reino Unido, algo certamente mudará no bloco europeu.
Os representantes de vários países europeus, entre eles Alemanha, França e Itália, se reuniram discretamente em maio, em Bruxelas, com Martin Selmayr, o influente diretor de gabinete do chefe da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, para preparar o dia seguinte do referendo britânico, segundo confidenciou uma fonte que pediu para não ser identificada.
"O tema, era, principalmente, a comunicação, o que oficialmente uns dirão aos outros, e como dirão", acrescentou a fonte, assegurando que não houve, no entanto, discussões a fundo sobre as consequências do referendo.
Indagado sobre este tipo de reunião, um porta-voz do governo alemão preferiu não tecer comentários. "Não posso confirmar ou negar se ocorreram tais reuniões confidenciais", afirmou Hans-Georg Streiter na ocasião.
A próxima grande reunião, desta vez oficial, já está na agenda: trata-se da cúpula de chefes de estado e de Governo da UE, que foi adiada para 28/29 de junho, dias depois do referendo, na qual, obviamente, as consequências da votação deverão constar da ordem do dia.
Projeto franco-alemão
Outra fonte anônima, no entanto, afirma que Paris e Berlim já começaram a estabelecer as bases de uma iniciativa conjunta, depois de aparentemente terem se dedicado nos últimos meses a um esboço de soluções para a crise existencial que a Europa atravessa.
Segundo esta fonte, um projeto comum - de conteúdo desconhecido - está sendo discutido neste sentido.
"Temos que contar com uma mensagem política, um método, um calendário", afirmou um alto dirigente europeu, defendendo a iniciativa franco-alemã.
Este possível projeto se focaria na segurança, mas também daria perspectivas para a juventude e não se limitaria à zona euro, acrescentou.
O alcance desta iniciativa é ainda pouco claro.
Nada transcendeu durante o encontro, no último final de semana de maio em Verdun, leste da França, entre o presidente francês François Hollande e a chanceler alemã Angela Merkel, que se reuniram para recordar o centenário de uma das batalhas mais violentas da Primeira Guerra Mundial.
Os dois dirigentes se encontraram em um almoço de trabalho para discutir a crise migratória, mas o tema do Reino Unido certamente esteve na agenda da reunião.
Enquanto isso, à espera de dados mais concretos, diplomatas e funcionários europeus receberam orientações de manter uma postura discreta, em particular frente à imprensa.
E, supostamente, em função desse suspense, foi pedido aos juristas do bloco que adiem seus planos de férias no mês de julho.