Combatente rebelde lança um foguete contra forças leais ao presidente Bashar al-Assad, no interior de Idlib, na Síria (Khalil Ashawi/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2014 às 16h56.
Paris - A França declarou nesta terça-feira que o presidente sírio, Bashar al-Assad, tem uma política de "eliminação" de seu povo como tática para sufocar uma revolta de três anos, mas que isso deixaria a Síria em um impasse total.
Assad previu que a maior parte dos combates na guerra civil síria terá terminado até o fim do ano, teria dito um ex-primeiro-ministro russo na segunda-feira.
Reagindo a estes comentários, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores francês, Romain Nadal, pareceu reconhecer que a comunidade internacional pode ter que aceitar o novo status quo.
"Uma vitória militar contra seu próprio povo? O único objetivo de Bashar al Assad é eliminar seu próprio povo", disse Nadal. "Talvez ele seja o único sobrevivente dessa política de crimes em massa, mas isso é um impasse total para a Síria".
A França, uma das maiores críticas de Assad, foi a primeira potência ocidental a fornecer ajuda militar não-letal aos rebeldes que lutam para derrubá-lo. Embora os rebeldes tenham sofrido sérios reveses neste ano nas frentes de batalha, alguns analistas preveem uma fragmentação violenta da Síria no longo prazo.
A França foi ainda a primeira potência ocidental a reconhecer a opositora Coalizão Nacional como a única representante do povo sírio.
Entretanto, Nadal afirmou que no momento não há outra maneira de se alcançar uma solução na Síria a não ser o plano de paz já proposto, que ele admitiu estar se desenvolvendo "muito lentamente".
"O único plano da comunidade internacional é uma transição política. Não há outro caminho. O processo de Genebra deve continuar... a ação militar só levará a mais violência".
O governo sírio deixou claro nesta terça-feira que não tem a intenção de atrasar a eleição, que deve dar um terceiro mandato a Assad, independentemente da guerra ou da política.
Assad não disse se irá concorrer ao pleito marcado para julho, mas aliados da Rússia e do Hezbollah, movimento muçulmano xiita do vizinho Líbano, previram que ele irá participar e vencer.
Se Assad concorrer, desafiando a oposição e os líderes ocidentais que exigiram sua renúncia, isso irá pôr fim ao processo de paz apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que implica medidas para uma transição democrática.
"Esta eleição é uma farsa trágica. Ninguém entenderia uma eleição presidencial com Assad como candidato único", disse Nadal.