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França defende ação firme junto aos EUA na Síria

Presidente francês é favorável a uma ação proporcional e firme ao lado dos americanos contra o regime sírio, acusado de utilizar armas químicas

O presidente da França, François Hollande: "todas as opções estão sobre a mesa. A França quer uma ação proporcional e firme", disse (Kenzo Tribouillard/AFP)

O presidente da França, François Hollande: "todas as opções estão sobre a mesa. A França quer uma ação proporcional e firme", disse (Kenzo Tribouillard/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2013 às 11h23.

Damasco - O presidente francês, François Hollande, é favorável a uma ação proporcional e firme ao lado dos Estados Unidos contra o regime sírio, acusado de utilizar armas químicas, depois da negativa do Reino Unido de se unir a uma intervenção militar no país árabe.

Em uma entrevista ao jornal Le Monde, o presidente francês descartou qualquer intervenção na Síria antes dos inspetores da ONU deixarem o país.

No entanto, não excluiu uma ação antes da próxima quarta-feira, dia de uma reunião do Parlamento francês para debater a situação na Síria após a morte de centenas de pessoas em um suposto ataque químico perto de Damasco em 21 de agosto

"Há um feixe de indícios que apontam para a responsabilidade do regime sírio na utilização de armas químicas", disse.

"Todas as opções estão sobre a mesa. A França quer uma ação proporcional e firme", completou.

Hollande informou que terá uma troca de opiniões profunda com o presidente americano, Barack Obama.

O governo do primeiro-ministro britânico David Cameron sofreu na quinta-feira um revés que compromete sua intenção de participar de uma ação armada, caso seja confirmado que as forças sírias utilizaram armas de destruição em massa contra civis.

De forma surpreendente, o Parlamento britânico rejeitou uma proposta de Cameron que abria a porta para uma resposta militar contra o regime sírio por um ataque químico.

"Está claro que o Parlamento britânico não quer uma ação militar britânica", disse Cameron após a votação. "E o governo atuará em consequência disso", acrescentou.


A moção do governo foi rejeitada por 285 deputados e aprovada por 272. A desaprovação não veio apenas dos opositores, mas também da própria coalizão governamental conservadora-liberal, que conta com 359 dos 650 assentos da Câmara dos Comuns.

O resultado foi saudado com uma estrondosa ovação pelos deputados, que chegaram a ser repreendidos pelo presidente da Câmara.

Cameron admitiu durante o debate da moção que não estava convencido de que o regime Assad tinha sido responsável pelo ataque químico de 21 de agosto, mas reconheceu que "não há 100% de certeza".

"Não há 100% de certeza sobre quem é o responsável" pelo ataque de 21 de agosto, disse. "Não existe uma prova de inteligência determinante", continuou.

"Mas acredito que podemos estar seguros quando se trata de um regime que usou armas químicas em 14 ocasiões, que é muito provavelmente responsável por esse ataque em grande escala, que, se nada for feito, chegará à conclusão de que pode usar essas armas outras vezes em grande escala com total impunidade".

No debate, houve muitas referências à invasão do Iraque em 2003, que terminou com a queda de Saddam Hussein, mas sem que houvesse provas da existência de armas de destruição em massa que serviram de justificativa para uma ação dada pelo então primeiro-ministro Tony Blair.

Pouco antes, o presidente americano, Barack Obama, manteve um tom mais forte a respeito de uma possível intervenção militar na Síria.


A Casa Branca frisou que reserva-se o direito de agir de forma unilateral contra o regime sírio para castigá-lo pelo uso de armas químicas, sem esperar a decisão da ONU, ou de aliados como a Grã-Bretanha.

Obama dará prioridade aos interesses dos Estados Unidos para decidir as ações a serem tomadas, disse seu porta-voz adjunto, Josh Earnest.

"O presidente deve, antes de tudo, prestar contas aos americanos que o elegeram para protegê-los. E o presidente está firmemente convencido de que a chave desta situação são as medidas necessárias para proteger nossos interesses básicos de segurança nacional", acrescentou o porta-voz.

Já a porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, classificou as consultas internacionais sobre a Síria como "extremamente importantes". Mas advertiu: "Tomamos nossas decisões, seguindo nossa própria agenda".

A oposição síria, por sua vez, lamentou o resultado da votação no parlamento britânico por achar que os parlamentares britânicos não compreenderam a verdadeira situação na Síria.

"Temos que, depois dessa votação, Bashar al-Asad utilize outra vez armas químicas em maior escala, na província de Damasco", afirmou um dirigente do grupo opositor, com sede na Turquia, falando à AFP por telefone.

Enquanto isso, as Nações Unidas indicaram que os especialistas da ONU em armas químicas coletaram elementos na Síria e darão um primeiro "relatório oral" ao secretário-geral, Ban Ki-moon, assim que retornarem neste sábado, mas as conclusões finais deverão esperar que as análises sejam realizadas na Europa, informou um porta-voz nesta quinta-feira.

A divisão entre Rússia e China, por um lado, e Estados Unidos e França, por outro, reflete fielmente as posições de cada um sobre o conflito que já deixou mais de 100.000 mortos e obrigou milhões de sírios a deixar o país desde março de 2011.

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