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França considera "inaceitável" espionagem "entre aliados"

A imprensa francesa revelou que a NSA tinha iniciado "uma operação de grande envergadura" para monitorar esses três chefes de Estado franceses


	François Hollande e Barack Obama em encontro: a França classificou como "inaceitável" a informação de que os Estados Unidos teriam espionado três presidentes franceses
 (REUTERS/Kevin Lamarque)

François Hollande e Barack Obama em encontro: a França classificou como "inaceitável" a informação de que os Estados Unidos teriam espionado três presidentes franceses (REUTERS/Kevin Lamarque)

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2015 às 07h30.

Paris - O governo da França considerou nesta quarta-feira como algo "inaceitável entre aliados" a informação divulgada pela imprensa francesa de que os Estados Unidos espionaram, pelo menos entre 2006 e maio de 2012, os três presidentes franceses que se sucederam nesse período, Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy e François Hollande.

"França e Estados Unidos são aliados frequentes no mundo em nome da democracia e da liberdade. Se esse tipo de ação aconteceu não é aceitável nem compreensível", disse à emissora "i-Télé" o ministro da Agricultura e porta-voz do governo, Stéphane Le Foll.

A informação divulgada ontem à noite pelos veículos "Libération" e "Médiapart" revelou que a Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, sigla em inglês) tinha iniciado "uma operação de grande envergadura" para monitorar esses três chefes de Estado franceses e seus colaboradores próximos, como diplomatas e chefes de gabinete.

O porta-voz detalhou que o Conselho de Defesa convocado para a manhã de hoje, com a presença do presidente François Hollande, do primeiro-ministro, Manuel Valls, e dos principais ministros, tem como objetivo analisar essa informação e eventualmente "pedir explicações" sobre as escutas para que esse tipo de prática "não se reproduza".

"Tudo isto deverá ser detalhado", disse Le Foll, que perguntou o que poderia ter motivado os Estados Unidos a "espionar seus aliados sobre opções estratégicas".

O porta-voz governamental ressaltou que tanto a França como os EUA são "grandes nações com responsabilidades no mundo" que devem "estar à altura", mas destacou que é necessário conhecer todos os fatos antes de tomar qualquer ação.

"Não vamos entrar em uma crise. É preciso refletir sobre o que está sendo dito. Já temos crises suficientes", disse Le Foll, frente a outros como o cofundador da Frente de Esquerda, Jean-Luc Mélenchon, que solicitou hoje a suspensão das negociações sobre o acordo de livre-comércio e investimentos entre a União Europeia e os EUA.

O porta-voz deve iniciar hoje uma viagem aos EUA para discutir precisamente esse acordo e a preparação da cúpula do clima em Paris (COP21), que começará em novembro. Le Foll acrescentou que, por enquanto, "não há razão" para cancelar essa visita.

Além do Conselho de Defesa convocado para esta manhã, haverá uma reunião de Hollande com cerca de 20 de parlamentares, segundo a imprensa francesa, entre eles representantes do Senado e da Assembleia Nacional, para também analisar a situação e a reação a essa informação. 

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