Feminicídios: ao menos 117 mulheres foram mortas por seu parceiro ou ex-parceiro desde o início do ano (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)
AFP
Publicado em 25 de novembro de 2019 às 10h09.
Última atualização em 25 de novembro de 2019 às 10h12.
A França, um dos países europeus mais afetados por feminicídios, anunciou nesta segunda-feira novas medidas para combater a violência de gênero, ao final de uma consulta de mais de dois meses para tentar acabar com este flagelo.
O primeiro-ministro Edouard Philippe fez os anúncios no Dia Internacional de Combate à Violência contra as Mulheres, e dois dias depois que dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas em toda a França para dizer "basta" à violência de gênero e feminicídios.
Desde o início de 2019, pelo menos 117 mulheres foram mortas por seu parceiro ou ex-parceiro na França, de acordo com um estudo caso a caso realizado pela AFP com base em relatos da imprensa. No ano passado, foram contabilizados 121 feminicídios.
Além disso, todos os anos, 213.000 mulheres são vítimas de violência física e/ou sexual por seus parceiros ou ex-parceiros, de acordo com os últimos dados oficiais.
Os anúncios de Philippe buscam acabar com o que ele descreveu como "aspectos disfuncionais" e "absurdos" na lei para garantir que as mulheres sejam melhor protegidas.
As medidas, que Philippe espera que sejam um "choque", buscam ampliar a definição de violência.
Por exemplo, uma nova circunstância agravante será criada para os autores de violência que levar ao suicídio de suas vítimas, e a noção de "controle psicológico" será incluída na lei.
Além disso, as regras que regem a confidencialidade médica serão alteradas para facilitar que os médicos apontem para as autoridades quando a vida de uma pessoa está em risco.
Várias medidas serão incluídas em um novo projeto de lei que os legisladores do partido presidencial apresentarão ao parlamento francês em janeiro.
O governo alocará 360 milhões de euros anualmente para a luta contra a violência contra as mulheres.