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Fraga vê risco de aceleração de inflação em países emergentes

Ex-presidente do BC também disse estar preocupado com possíveis controles de capital para deter a valorização cambial

Armínio Fraga, ex-presidente do BC: inflação brasileira deve se mover rumo à meta (Wikimedia Commons)

Armínio Fraga, ex-presidente do BC: inflação brasileira deve se mover rumo à meta (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2011 às 09h16.

Nova York - Os mercados emergentes enfrentam “sem dúvida” um risco com a aceleração da inflação e devem resistir à tentação de impor controles de capital para deter as valorizações cambiais, disse Armínio Fraga, presidente do conselho da BM&FBovespa SA e ex-presidente do Banco Central.

O Brasil subiu a taxa básica de juros cinco vezes nos últimos doze meses depois que a inflação anual atingiu o maior nível desde novembro de 2008. O banco central da Coreia do Sul elevou ontem sua taxa de juros pela segunda vez este ano depois que a inflação veio acima do teto da meta por dois meses seguidos. A Tailândia e o Vietnã também aumentaram juros esta semana depois da alta to preço de petróleo.

“Sem dúvida há um risco e acho que temos de prestar atenção nisso”, Fraga, 53, disse durante uma apresentação a investidores no escritório do JPMorgan Chase & Co. em Nova York ontem.

A inflação está ganhando força depois que o preço do petróleo em Nova York subiu cerca de 25 por cento nos últimos 12 meses e os contratos futuros chegaram a US$ 106,95 em 7 de março, o maior preço intradiário desde 26 de setembro de 2008. Nos países em desenvolvimento, os preços também estão sendo inflados pelo aumento da demanda doméstica e da entrada de capital estrangeiro, atraído por rendimentos maiores no momento em que as taxas de juros nos Estados Unidos e na Europa estão perto de zero.

Controle de capital

Fraga, fundador da Gávea Investimentos, disse que também está preocupado que os países sintam-se seduzidos pela possibilidade de impor mais controles de capital para limitar a valorização de suas moedas, à medida que o aumento das taxas de juros atrai especuladores. O real subiu 40 por cento em relação ao dólar nos últimos dois anos, o segundo melhor desempenho entre 25 moedas de países emergentes acompanhadas pela Bloomberg. O rand, da África do Sul, é a que mais se valorizou nesse período.


Países emergentes como o Brasil e a Coréia do Sul tomaram medidas como aumentar impostos sobre compras de bônus por estrangeiros para deter os ganhos nas moedas, que prejudicam as exportações. Embora os controles de capital possam funcionar no curto prazo para países em casos isolados, é preciso lidar com os fundamentos da economia no longo prazo, disse Fraga.

“Também é uma daquelas coisas que tendem a ser uma tentação no curto prazo”, disse Fraga. “Nós os usamos no Brasil. Mas no longo prazo, não funciona, e você precisa de fato lidar com os problemas verdadeiros. No caso do Brasil, é preciso lidar com as taxas de juros muito altas com respostas fundamentais sólidas para que possamos atrair menos dinheiro de curto prazo”.

Meta de inflação

O Brasil está tomando as medidas certas para conter a inflação, que está sendo alimentada por fatores externos e também pela demanda interna forte, Fraga disse. A inflação no País vai mover-se rumo à meta do BC, ele disse.

O BC aumentou a taxa de juros este mês para 11,75 por cento. A inflação anualizada subiu para 6,01 por cento em fevereiro, de 5,99 por cento em janeiro. O BC tem meta de 4,5 por cento, mais ou menos dois pontos percentuais.

Fraga, que chefiou o BC de 1999 a 2002, interrompeu uma queda no real e domou a inflação, abrindo caminho para uma recuperação econômica depois da decisão do País de desvalorizar a moeda e deixá-la flutuar livremente em relação ao dólar, em 1999.

A inflação é como “uma doença, um vírus -- está sempre lá e você nunca consegue matá-la”, disse Fraga. “Se você relaxa, ela volta.”

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