Manifestantes contrários ao governo islamita em Tunis no dia 11 de agosto: críticos e simpatizantes dos islamitas no poder convocaram manifestações para esta terça (Fethi Belaid/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2013 às 08h00.
Túnis - A primeira rodada de negociações entre o governo islamita e o mediador, o sindicato UGTT, para superar a crise política que abala Túnis terminou nesta segunda-feira sem nenhum avanço.
As partes interessadas devem voltar a se reunir ainda esta semana.
Críticos e simpatizantes dos islamitas no poder convocaram manifestações para esta terça-feira, quando se celebra o Dia da Mulher no país.
Após quatro horas de negociações, nem o chefe do Partido islamita Ennahda, Rached Ghannouchi, nem o poderoso sindicato UGTT, Houcine Abassi, anunciaram qualquer avanço que permita esperar uma saída negociada da crise provocada pelo assassinato, em 25 de julho, do deputado Mohamed Brahmi.
Ghannouchi falou de uma troca "positiva e construtiva", mas seu interlocutor considerou que "a atitude (do Ennahda) não mudou".
O UGTT vem desempenhando um papel de mediador entre o Ennahda e a oposição, depois que o presidente da Constituinte suspendeu nesta terça os trabalhos da assembleia e pediu à central sindical que assumisse seu "papel histórico", apadrinhando essas negociações.
A oposição e os islamitas têm posições opostas. Os críticos pedem a renúncia do governo e a dissolução da Constituinte, que quase dois anos depois de sua eleição não conseguiu redigir uma Constituição.
Ennahda rejeita as reivindicações e propõe ampliar sua coalizão com dois pequenos partidos laicos e realizar eleições em dezembro. Já o UGTT propõe um governo de tecnocratas e que a Assembleia Nacional Constituinte seja mantida.
Após semanas de queda de braço, não há solução no horizonte.
Os dois campos preveem grandes manifestações para esta terça, pelo Dia da Mulher, que celebra os avanços das mulheres tunisianas - únicos no mundo árabe e que estão em perigo na nova Constituição de inspiração islamita.
Seis "terroristas" teriam morrido na operação militar que acontece nas montanhas fronteiriças com a Argélia, onde um grupo vinculado à rede Al-Qaeda e perseguido pelo Exército desde dezembro matou oito militares no final de julho.