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Fossa comum é encontrada no Sudão do Sul

ONU investigará crimes contra a humanidade no país


	Sudão: a ONU também denunciou "execuções em massa", ataques contra indivíduos "baseados em sua origem étnica" e detenções arbitrárias registradas nos últimos dez dias no país
 (George Mindruta/AFP)

Sudão: a ONU também denunciou "execuções em massa", ataques contra indivíduos "baseados em sua origem étnica" e detenções arbitrárias registradas nos últimos dez dias no país (George Mindruta/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de dezembro de 2013 às 14h56.

São Paulo - Uma fossa comum foi encontrada nesta terça-feira no Sudão do Sul, onde nos últimos dias se intensificaram os combates entre as forças governamentais e os rebeldes do ex-vice-presidente Riek Machar, que deixaram centenas de mortos.

A Alta Comissária da ONU encarregada dos Direitos Humanos, Navi Pillay, anunciou nesta terça-feira que uma fossa comum foi descoberta em Bentiu, capital do Estado petroleiro de Unidade, no norte do país.

"Descobrimos uma fossa comum em Bentiu, e haveria outras duas em Juba", a capital, declarou Pillay em um comunicado publicado em Genebra.

A funcionária das Nações Unidas também denunciou "execuções em massa", ataques contra indivíduos "baseados em sua origem étnica" e detenções arbitrárias registradas nos últimos dez dias no Sudão do Sul.

Pillay expressou sua grande inquietação pelo destino de muitas pessoas que foram e são detidas em locais desconhecidos, entre elas centenas de civis, presos durante operações de busca em casas e hotéis em Juba.

Ao menos 45.000 civis sul-sudaneses se refugiaram nas bases da ONU no país, entre eles 20.000 na capital Juba, indicou a ONU nesta terça-feira.

As Nações Unidas advertiram as diferentes facções armadas que se enfrentam no Sudão do Sul que as acusações de crimes contra a humanidade serão investigadas.

"O mundo observa todas as partes (que se enfrentam) no Sudão do Sul", declarou na noite de segunda-feira o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a crise sul-sudanesa, num momento em que começam a ser divulgados testemunhos de assassinatos por motivos étnicos.

A ONU "investigará as acusações de graves violações dos direitos humanos e de crimes contra a humanidade", acrescentou, ressaltando que "os responsáveis de alto nível deverão responder pessoalmente e enfrentar as consequências, mesmo se afirmarem que não estavam cientes dos ataques".

Os combates explodiram há dez dias, depois que o presidente Salva Kiir acusou seu ex-vice-presidente Riek Machar, destituído por ele em julho, de tentativa de golpe de Estado.

Os homens de Machar - que desmente categoricamente estas acusações e que afirmou nesta terça-feira que está pronto para negociar com seu rival - tomaram duas capitais regionais estratégicas: a cidade de Bor, no estado instável de Jonglei, e Bentiu, em Unidade.

Para enfrentar a crise, Ban recomendou que o Conselho de Segurança envie mais 5.500 capacetes azuis para se somarem aos cerca de 7.000 já presentes no país.

A violência que atinge há uma semana o Sudão do Sul deixou oficialmente 500 mortos, embora os trabalhadores humanitários considerem este número inferior ao real.

O conflito já atingiu a metade dos dez estados do jovem país, independente desde 2011.

A comunidade internacional, com Nações Unidas e Estados Unidos na liderança, realiza missões diplomáticas para tentar frear a escalada de violência.

Violência étnica

Começam a ser divulgados testemunhos sobre a violência étnica cometida pelas forças governamentais e pelos rebeldes em todo o país. O conflito tomou uma dimensão étnica, ao colocar em campos opostos os nuer, tribo de Machar, e os dinka, etnia de Kiir.

Dois nuer, refugiados em uma base da ONU, indicaram que foram presos junto com outros 250 homens por soldados sul-sudaneses, que abriram fogo contra eles em um posto da polícia em Juba. Segundo eles, simplesmente por pertencerem à mesma etnia que Riek Machar.

"Para sobreviver, tivemos que nos cobrir com os cadáveres de outros (...) Não tenho muita vontade de falar disso", declarou um deles à AFP.

O governo nega estar por trás de qualquer violência de cunho étnico.

Outros testemunhos apontam para a colocação em andamento de um esquema de violência de caráter étnico, como assassinatos e estupros, desde o início dos confrontos, no dia 15 de dezembro.

Em outras regiões do país, outras informações indicam sobre ataques dos rebeldes contra os partidários do presidente Kiir.

No estado de Jonglei um ataque contra uma base da ONU por jovens nuer terminou com a morte de dois capacetes azuis indianos. As Nações Unidas também temem que os civis dinka, refugiados no campo, tenham sido massacrados.

Em Bor, 200 km ao norte de Juba, a situação é particularmente delicada. O exército prepara o lançamento de uma ofensiva para retomar a cidade das mãos dos rebeldes.

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