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Foro de São Paulo pede convocação do Conselho de Segurança por Líbia

Em evento de partidos de esquerda, presidente da Nicarágua defendeu o cessar-fogo das intervenções na África, com esforço da China e da Rússia

Evento contou com a presença do ex-presidente do Brasil, Lula (Jeff Zelevansky/Getty Images)

Evento contou com a presença do ex-presidente do Brasil, Lula (Jeff Zelevansky/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2011 às 07h12.

Manágua - O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, pediu nesta quinta-feira ao Conselho de Segurança da ONU, em particular à China e à Rússia, a convocação de uma reunião que se pronuncie sobre um cessar-fogo na Líbia e estabeleça as condições de negociação no país africano.

Ortega fez o pedido em discurso durante a 17ª edição do Foro de São Paulo, realizado em Manágua, capital da Nicarágua, que contou com a participação do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

"Nós fazemos este pedido desde este foro ao Conselho de Segurança, em particular à Federação Russa e à China, para que convoque o Conselho o mais rápido possível, para que o Conselho se pronuncie formalmente sobre a cessação do fogo destes bombardeios e para que sejam abertas as condições para a negociação", indicou o líder sandinista.

Segundo Ortega, o líder líbio, Muammar Kadafi, "foi bem claro em manifestar a sua disposição de diálogo, de negociação e de um cessar-fogo" em seu país.

"Eles (o Governo líbio) estão simplesmente resistindo aos ataques que lhe estão lançando todos os dias as forças do capitalismo global", acrescentou.

O líder nicaraguense, que disse ter abordado o assunto em conversa privada com Lula antes de chegar ao Foro de São Paulo, expressou a confiança de que "no fim das contas se imponha a atitude pragmática dos imperialistas que estão empenhados em uma vitória militar na Líbia", em alusão a Estados Unidos, França e Reino Unido.

Ortega denunciou que esses três países têm como objetivo assassinar Kadafi, o que, segundo sua opinião, não resolveria o problema na Líbia.

"Se houver o assassinato de Kadafi, a luta da resistência desses povos não se deterá, e irá inclusive se recrudescer", advertiu.

O presidente da Nicarágua citou dados da Otan pelos quais, segundo ele, há 5.800 missões de bombardeios e 60 ataques aéreos diários na Líbia, uma operação que qualificou como "um crime".

Em seu longo discurso, o líder sandinista disse que conversou com Lula sobre as "debilidades" do Conselho de Segurança e usou como exemplo o caso Líbia.

"Não houve veto. Ao não haver veto, já sabiam os riscos existentes, e as interpretações e as respostas a essa resolução do Conselho de Segurança foram os bombardeios, que não cessaram por meses", criticou.

Ortega advertiu ainda que o ocorrido nos países do Oriente Médio está se transferindo à Europa, e, citando o líder cubano Fidel Castro, perguntou se na Espanha, "onde as massas protestam nas principais cidades, haverá bombardeios da Otan".


O líder acusou os países europeus e os Estados Unidos de usarem dois pesos e duas medidas.

Em seu discurso, Lula não fez referência à crise na Líbia, mas defendeu a unidade da esquerda latino-americana e o fortalecimento dos partidos políticos que integram o Foro de São Paulo.

"Devemos provar que a esquerda governa com mais competência do que a direita governou durante o Século XX", destacou Lula.

Já Ortega, em outra parte de seu discurso, propôs a criação de um prêmio da paz que leve o nome do assassinado bispo salvadorenho Óscar Arnulfo Romero, o qual, para ele, deveria ser entregue a Lula.

"Peço que este prêmio seja outorgado a um homem que dedicou sua vida ao povo, aos trabalhadores e à luta pela paz não só em seu país, mas perante o mundo: Lula, prêmio Óscar Arnulfo Romero da paz", sugeriu.

O Foro de São Paulo reúne 42 partidos de esquerda de 32 países da América Latina e Caribe, Europa e Ásia.

Participam do encontro o ex-governante hondurenho Manuel Zelaya, o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, a Nobel da Paz Rigoberta Menchú, o presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular de Cuba, Ricardo Alarcón, e representantes das embaixadas da Líbia na Nicarágua e na Venezuela, entre outros

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