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Fornecimento de energia determinará tamanho do estrago na economia do Japão

Economista da Tendências Consultoria diz que desempenho do PIB será mais fraco nos próximos trimestres

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2011 às 12h44.

São Paulo – O principal fator que determinará o tamanho do estrago causado pelos terremotos na economia japonesa é a capacidade do governo de restabelecer o fornecimento de energia. Porém, já é possível prever que o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) será mais fraco nos próximos dois ou três trimestres.

A avaliação é do economista da Tendências Consultoria Raphael Martello, que participou nesta segunda-feira (14) do programa “Momento da Economia”, na Rádio EXAME.

“É difícil mensurar os impactos porque, se a gente tiver um desabastecimento de energia durante muito tempo, as empresas não terão como sustentar as operações no nível atual. Nesse caso, não seria incomum ver uma taxa de desemprego aumentando. Porém, se a gente conseguir ter, num prazo relativamente curto, a volta da operação dessas usinas, é possível que as empresas não tenham que passar por essa onda de demissões de uma maneira significativa, já que grande parte da produção industrial japonesa é focada no setor externa”, explica Martello.

O economista elogia a atuação do Banco Central japonês, que injetou US$ 183,825 bilhões no mercado. “O Banco do Japão foi bastante eficaz no sentido de conter a volatilidade no mercado financeiro. (...) Isso poderia levar a movimentos exacerbados dos mercados em relação aos ativos, não só aos mercados acionários, como a gente viu na queda de 6,18% nesta segunda-feira, mas também com relação à moeda e aos títulos de renda fixa. O Banco do Japão colocou todo o seu arsenal à disposição e deixou bem claro aos investidores que vai tentar controlar esses movimentos exacerbados e prover liquidez para evitar maiores problemas no sistema financeiro japonês.”

Raphael Martello lembra que a situação econômica do Japão não era boa antes da tragédia. Embora o país tenha crescido 3,9% em 2010, o último trimestre registrou queda de 0,5%. “Além disso, os indicadores para o primeiro trimestre de 2011 apontavam para uma situação perigosa no sentido de que a economia não mostrava sinais de reação.” Caberá ao governo a missão de estimular o consumo numa população que tradicionalmente poupa muito.

Os juros já estavam próximos de zero desde o auge da crise internacional e agora caberá ao governo utilizar a política fiscal. O especialista salienta, no entanto, que o endividamento está elevado. “A dívida já ultrapassa patamares acima de 200% do PIB e num período recente já vinha acendendo uma sinal amarelo nos mercados. É lógico que, com o evento do terremoto e toda a reconstrução que terá de ser feita, essas dívidas aumentarão em relação ao PIB por algum tempo.”

Martello prevê ajuda dos investidores estrangeiros, mas com um preço maior. “Eu acredito que o governo pode enfrentar um custo um pouco mais elevado de captação desses recursos no mercado internacional, mas isso terá de ser feito. Não dá para postergar investimentos na reconstrução. Não dá para deixar a infraestrutura do país debilitada da maneira como ela está atualmente. Então, mesmo que isso leve a um custo de endividamento e taxas de captação maiores, eu acredito que o governo japonês terá essa liquidez internacional.”

Na entrevista (para ouvi-la na íntegra, clique na imagem ao lado), economista da Tendências Consultoria avalia eventuais impactos da tragédia japonesa na economia mundial e no Brasil.

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