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Fornecimento de combustível é nova arma da luta na França

A escassez nos postos de combustível do país persiste nesta segunda-feira, apesar das promessas das autoridades de desbloquear as refinarias paralisadas


	Refinarias: "Cinco das oito refinarias francesas estão em greve, paralisadas ou em processo de paralisação"
 (Stephane Mahe / Reuters)

Refinarias: "Cinco das oito refinarias francesas estão em greve, paralisadas ou em processo de paralisação" (Stephane Mahe / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2016 às 15h34.

Com greves nas refinarias e bloqueios nos depósitos de combustível, o setor petroleiro passou a ser a ponta de lança da luta contra a reforma da lei trabalhista na França, objeto de protestos sociais há dois meses.

A escassez nos postos de combustível do país persiste nesta segunda-feira, apesar das promessas das autoridades de desbloquear as refinarias paralisadas na França.

"Cinco das oito refinarias francesas estão em greve, paralisadas ou em processo de paralisação", afirmou à AFP Emmanuel Lépine, dirigente do ramo de petróleo do sindicato CGT.

Dos 189 depósitos de combustível bloqueados pelos trabalhadores do setor há vários dias, muitos foram desbloqueados pela força pública, confirmou à AFP Eric Sellini, coordenador do CGT do grupo Total, que não indicou o número preciso de depósitos bloqueados no país.

O bloqueio das estruturas petrolíferas criou problemas de abastecimento nos postos de combustível, principalmente no noroeste do país.

O fenômeno foi agravado pelos motoristas que, temendo a falta de combustível, se dirigiram aos postos para encher seus tanques, levando as autoridades a implementarem medidas de racionamento.

Um total de 1.500 postos de combustível, dos 12.000 existentes na França, sofriam com falta total ou parcial de combustível, segundo o secretário de Estado de Transportes, Alain Vidalies.

Classificando os bloqueios de "ilegítimos", o ministro das Finanças, Michel Sapin, reforçou nesta segunda-feira a vontade do governo de utilizar "todos os instrumentos" de que dispõe para pôr fim aos mesmos.

"Vamos seguir evacuando um certo número de locais, em particular os depósitos", afirmou no domingo o primeiro-ministro Manuel Valls a partir de Tel Aviv, onde realiza uma visita.

Valls descartou o risco de desabastecimento e reiterou que a nova lei trabalhista "vai até o fim".

Uma semana social conturbada

O dirigente do sindicato CGT, Philippe Martínez, advertiu que "se o governo não retirar seu projeto (...) as mobilizações vão continuar a crescer".

Esta semana se anuncia mais uma vez conturbada para o governo, com um novo dia de greves e manifestações na quinta-feira.

Além das refinarias, se esperam greves nos portos e nos transportes. Na rede ferroviária, foram convocadas paralisações na terça e na quinta-feira.

A CGT convocou uma greve do metrô de Paris a partir de 2 de junho.

Um outro dia de mobilização está previsto para 14 de junho, em plena Eurocopa de futebol, quando milhares de torcedores devem chegar à França.

Esse projeto de lei, alvo de protestos sociais há pelo menos dois meses, foi aprovado na primeira leitura sem votação dos deputados, já que o governo se valeu de um artigo da Constituição que permite adotar um texto sem debate nem voto parlamentar, exceto se houver uma moção de censura ao governo.

Segundo o governo, o projeto pretende dar mais flexibilidade às empresas no combate ao desemprego.

O texto dá maiores poderes às empresas em matéria de organização do tempo de trabalho e de demissões. Seus críticos consideram que a lei aumentará a precariedade no trabalho.

Em paralelo à mobilização contra a lei, as acusações de traição pesam sobre o presidente socialista François Hollande, cuja impopularidade bate recorde nas pesquisas a um ano do fim de seu mandato.

"Hollande disse em seu programa que atacaria o Código do Trabalhador?", questionou nesta segunda-feira o líder da CGT.

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