Mundo

Forças sírias matam 20 em Homs, apesar de plano da Liga Árabe

Governo se comprometeu a acabar com a violência contra os civis, mas mortes continuam segundo entidade de direitos humanos

As forças de segurança reprimiram com violência novas manifestações em Homs (Bulent Kilic/AFP)

As forças de segurança reprimiram com violência novas manifestações em Homs (Bulent Kilic/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2011 às 13h45.

Damasco - Vinte civis foram mortos a tiros nesta quinta-feira pelas forças de segurança em Homs, no centro da Síria, no dia seguinte à decisão tomada por Damasco de aceitar um plano árabe para pôr fim à repressão, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

"Vinte civis foram mortos nesta quinta-feira em diferentes bairros da cidade de Homs, onde o barulho dos tiros ainda podia ser ouvido", indicou a ONG no final da tarde.

Pouco antes, o OSDH havia indicado sete mortes em Homs.

O poder sírio aceitou sem reservas o plano para sair da crise que prevê o fim total da violência, a libertação das pessoas presas pela repressão, a retirada das Forças Armadas das cidades e a livre circulação de jornalistas e observadores internacionais antes da abertura de um diálogo político entre o regime e a oposição.

A repressão que já causou a morte de cerca de 3.000 pessoas desde meados de março, segundo a ONU, continua.

As forças de segurança síria, como todos os dias, continuaram efetuando prisões. "Mais de 80 pessoas foram detidas nesta quinta-feira ao amanhecer em Deir Ezzor e em locais próximos", explicou o observatório.

Em contrapartida, milhares de sírios fizeram uma passeata em apoio ao presidente Assad na cidade litorânea de Tartus. A televisão pública informou que "milhares de pessoas se manifestaram em apoio à decisão nacional de rejeição a qualquer ingerência internacional".

Contudo, os militantes pró-democracia continuam céticos quanto às "verdadeiras intenções" do governo.

"Estamos satisfeitos com os esforços da Liga Árabe para acabar com o derramamento de sangue dos sírios e para nos proteger dos tiros efetuados pelo Exército e forças de segurança, (...) mas duvidamos do regime e da aceitação das cláusulas do plano" árabe, declaram os Comitês Locais de Coordenação (LCC), que organizam a contestação nos locais.

De acordo com os LCC, se os diferentes pontos do plano árabe forem aplicados "isso permitirá que mais grupos e pessoas expressem suas verdadeiras posições políticas ao se juntarem as manifestações pacíficas nas ruas da Síria".

Como em todas as semanas, desde o início da revolta, os militantes convocaram os sírios para se manifestações na sexta-feira sob o slogan "Alá é grande contra os déspotas e os tiranos".

"Quanto mais o regime reprime e mata, mais ficamos determinados. O regime não poderá se manter apesar (do apoio) da Rússia e da China, pois o povo está determinado a conseguir a liberdade", anunciaram na página do Facebook "Syrian Revolution 2011".

"O regime caiu desde o primeiro dia em que nós clamamos liberdade e desde a primeira gota de sangue derramada pelas balas dos tiranos", acrescentaram os militantes nesta página.

A China felicitou a Síria por ter aceitado o plano da Liga Árabe e disse que espera que este acordo permita o fim das violências.

"Esperamos que as partes envolvidas se esforcem para acabar com qualquer violência e criem condições para a resolução dos problemas através do diálogo", declarou o porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Hong Lei.

Acompanhe tudo sobre:Política no BrasilPolíticaProtestosSíriaPrimavera árabe

Mais de Mundo

Trem mais rápido do mundo deve iniciar operações na China em 2026

‘Hamas sentiu o nosso poder, atacamos Gaza com 153 toneladas de bombas’, afirma Netanyahu

Presidente eleito da Bolívia afirma que vai retomar relações com os EUA após quase 20 anos

Cidadania espanhola 'facilitada' acaba nesta quarta-feira; saiba o que muda na Lei dos Netos