Mundo

Forças russas mantêm ofensiva no leste da Ucrânia com bombardeios "maciços"

"Todo mundo tem de se refugiar", alertou no Facebook Vadim Liakh, prefeito desta cidade na província de Donetsk

As tropas russas também tentam avançar em outras partes do território, como em Kharkiv, a segunda cidade da Ucrânia no nordeste (Foto/Getty Images)

As tropas russas também tentam avançar em outras partes do território, como em Kharkiv, a segunda cidade da Ucrânia no nordeste (Foto/Getty Images)

A

AFP

Publicado em 5 de julho de 2022 às 18h10.

Última atualização em 5 de julho de 2022 às 18h28.

As forças russas continuam avançando nesta terça-feira, 5, no Donbass, no leste da Ucrânia, com bombardeios "maciços" sobre a cidade de Sloviansk, o próximo alvo de Moscou que lhe permitiria ganhar terreno nessa parte do país. 

"Sloviansk! Bombardeio maciço da cidade. No centro, no norte. Todo mundo tem de se refugiar", alertou no Facebook Vadim Liakh, prefeito desta cidade na província de Donetsk.

Leia também: Ucrânia e aliados estabelecem bases da reconstrução no pós-guerra

Pelo menos duas pessoas morreram e sete ficaram feridas nos ataques, que atingiram o mercado central, segundo as autoridades.

Jornalistas da AFP presentes no local viram como os foguetes atingiram os comércios e outras ruas adjacentes. O mercado estava em chamas e os bombeiros tentaram controlar o incêndio.

"Mais uma vez, os russos atacam intencionalmente os lugares onde os civis se reúnem. Isso é terrorismo puro e duro", disse Pavlo Kyrylenko, o governador da província de Donetsk, que junto com Luhansk forma o Donbass.

No domingo, as tropas russas anunciaram terem tomado Lysychansk e no final de junho, conquistaram Severodonetsk, a cidade vizinha.

Ambas estão perto da fronteira que divide as duas províncias, o que lhes permite agora avançar mais ao oeste do Donbass, parcialmente controlado por separatistas pró-russos desde 2014.

Além de Sloviansk, também está na mira dos russos a cidade de Kramatorsk, uma das últimas posições ucranianas em Luhansk.

A Ucrânia afirma que suas tropas ainda defendem uma "pequena" parte do território em Luhansk, apesar de a Rússia afirmar que tem seu controle total.

A luta continua

"A luta continua nas fronteiras administrativas da região", indicou a Presidência ucraniana nesta terça. 

Um indício de que Moscou busca consolidar o abastecimento para um novo ataque é que as forças ucranianas afirmaram que os russos estão "tomando medidas" em Luhansk para restaurar a infraestrutura de transporte atrás da linha de frente.

As forças russas também fecharam o cerco da pequena cidade de Siversk, a primeira no caminho desde Luhansk, após vários dias de bombardeios.

As tropas russas também tentam avançar em outras partes do território, como em Kharkiv, a segunda cidade da Ucrânia no nordeste. Segundo Moscou, as forças russas bombardearam quatro depósitos de munições e artilharia na região, onde os ucranianos afirmaram na segunda-feira que repeliram tentativas de ataques russos.

No front do sudoeste, na região ucraniana de Kherson, que está sob ocupação dos russos, as tropas de Moscou mobilizaram helicópteros e artilharia para tentar enfrentar um contra-ataque dos ucranianos.

Estabelecer a ocupação em Kherson

A escalada dos combates no sul da Ucrânia ocorre no momento em que as autoridades locais instaladas pela Rússia anunciaram que um ex-quadro do Serviço Federal de Segurança (FSB), a agência de Inteligência russa, assumirá o governo de Kherson.

Nesta parte da Ucrânia, a Rússia lançou uma campanha para instituir a ocupação, introduzindo o rublo como moeda, emitindo passaportes, garantindo serviços bancários e abrindo escritórios estatais.

Na segunda-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu mais uma vez aos países ocidentais mais armas para lidar com a invasão e recuperar os territórios perdidos.

Após mais de quatro meses de guerra, os aliados da Ucrânia organizaram para esta semana na Suíça uma reunião com representantes de países, organizações internacionais e também empresários sobre a reconstrução do país destruído pela guerra. Seu custo é estimado em US$ 750 bilhões.

"Devemos tornar tudo o que foi destruído melhor do que era antes", disse o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmygal.

A alta comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, condenou o número de mortos "intolerável" na Ucrânia, com quase 5 mil vítimas confirmadas desde o início da ofensiva em 24 de fevereiro.

"Os civis estão sofrendo o peso das hostilidades que parecem não ter fim à vista", disse Bachelet. Entre os mortos há também combatentes estrangeiros.

O Ministério das Relações Exteriores da França confirmou nesta terça-feira a morte de um segundo combatente francês no país.

Mais fortes

A reconstrução da Ucrânia é 'a maior contribuição para a paz mundial'. A afirmação foi feita pelo presidente do país, Volodimir Zelensky, durante uma conferência sobre o tema.

Em Bruxelas, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, anunciou que a aliança abriu oficialmente o processo para ratificar a adesão de Suécia e Finlândia.

"Com 32 nações ao redor da mesa, seremos ainda mais fortes e nosso povo estará ainda mais seguro, enquanto enfrentamos a maior crise de segurança em décadas", disse ele, em uma coletiva de imprensa acompanhado dos ministros das Relações Exteriores da Suécia e da Finlândia.

Ambos os países nórdicos decidiram abandonar sua histórica postura de não alinhamento militar formal para aderir à Otan, com a qual já tinham uma política de associação.

Agora, sua adesão depende da Turquia, que aguarda o cumprimento de acordos para levantar seu veto.

Veja também:

Dois ministros britânicos renunciam em protesto contra Boris Johnson

Chefes da diplomacia de EUA e China se reúnem em Bali nesta semana

Acompanhe tudo sobre:ExércitoGuerrasRússiaUcrânia

Mais de Mundo

Em Nova York, Milei se encontra pela 3ª vez com Musk

Evo Morales lidera marcha contra presidente da Bolívia em meio a tensões políticas

Ataque de Israel ao Líbano é revoltante e há risco de guerra total, diz Celso Amorim

Superiate naufragado na Itália pode guardar 'dados confidenciais' e senhas de governos nos cofres