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Forças russas deixam Chernobyl e levantam temor por exposição à radiação

As forças russas também se retiraram da cidade vizinha de Slavutich, onde vivem os trabalhadores da usina

Acidente nuclear em Chernobyl  (Pavlo Gonchar/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Acidente nuclear em Chernobyl (Pavlo Gonchar/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de março de 2022 às 18h33.

Última atualização em 31 de março de 2022 às 18h44.

As forças da Rússia declararam que estavam deixando a usina nuclear de Chernobyl e a cidade vizinha de Slavutich, de acordo com um comunicado da empresa estatal de energia da Ucrânia divulgado nesta quinta-feira, 31. A empresa sugeriu que o motivo da partida seria o temor entre os soldados com a radiação do local.

A empresa estatal Energoatom disse que seus trabalhadores que ainda permanecem na usina haviam sinalizado mais cedo que as forças russas estavam planejando deixar o território. "As informações confirmam que os ocupantes, que tomaram a usina nuclear de Chernobyl e outras instalações na zona de exclusão, partiram em direção à fronteira ucraniana com a República de Belarus", afirmou em comunicado.

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Segundo a companhia, um pequeno número de soldados russos permaneceu em Chernobyl, mas não especificou quantos. As forças russas também se retiraram da cidade vizinha de Slavutich, onde vivem os trabalhadores da usina.

Em um post online separado, a Energoatom disse que o lado russo concordou formalmente em devolver à Ucrânia a responsabilidade de proteger Chernobyl. A empresa compartilhou um documento digitalizado que estabelece tal acordo e assinado por indivíduos identificados como um membro sênior da equipe de Chernobyl, o oficial militar russo encarregado de guardar a usina e outros.

A imprensa não pôde verificar imediatamente a autenticidade do documento. Não houve comentários imediatos das autoridades russas, que negaram que suas forças tenham colocado em risco instalações nucleares na Ucrânia.

A Energoatom disse que também confirmou informações de que tropas russas construíram fortificações, incluindo trincheiras na chamada Floresta Vermelha — a parte mais contaminada radioativamente da zona ao redor de Chernobyl.

Como resultado das preocupações com a radiação, "quase um tumulto começou a se formar entre os soldados", disse o comunicado, sugerindo que esse foi o motivo de sua partida inesperada.

A Ucrânia expressou repetidamente preocupações de segurança sobre Chernobyl e exigiu a retirada das tropas russas, cuja presença impediu a rotatividade de turnos dos trabalhadores da usina por um tempo.

No início desta semana, trabalhadores do local disseram à agência Reuters que soldados russos dirigiram, sem proteção contra radiação, pela Floresta Vermelha, levantando nuvens de poeira radioativa. Solicitado a comentar, o Ministério da Defesa da Rússia não respondeu.

Mais cedo nesta quinta-feira, o chefe da Energoatom pediu ao órgão de vigilância nuclear da ONU que ajude a garantir que as autoridades nucleares russas não interfiram na operação de Chernobyl e da usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, que também é ocupada por soldados russos.

Retirada de tropas

A declaração corrobora um relatório do Pentágono publicado na noite de quarta-feira, 30, de que tropas russas estavam se retirando da área ao redor da extinta usina no norte da Ucrânia, local do pior desastre nuclear da história e uma área que as forças russas ocupavam há semanas.

As tropas tomaram a usina perto da fronteira com Belarus — onde os trabalhadores protegem o local da radiação desde 1986 — no início da invasão. Por um tempo, os soldados impediram que a equipe responsável por manter a usina segura de deixar seus postos. Isso criou temores mais amplos de que a usina, que precisa de monitoramento constante, pudesse ser comprometida.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) havia alertado na semana passada que os recentes bombardeios na área poderiam comprometer a capacidade dos trabalhadores de manter o local seguro, já que os funcionários foram forçados a trabalhar em turnos de 24 horas por dias a fio.

O chefe da AIEA chegou à Ucrânia na terça-feira para conversar com funcionários do governo sobre a segurança das instalações nucleares do país, que têm sido alvos das forças russas.

Em comunicado na quarta-feira, a Agência Internacional de Energia Atômica, um braço das Nações Unidas que estabelece padrões de segurança para os reatores nucleares do mundo, disse que não há rotatividade de funcionários na usina desde 21 de março.

Monitores internacionais também expressaram preocupação com a segurança de uma usina nuclear no sul da Ucrânia, onde combates próximos causaram um incêndio no início de março.

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