Com uma de suas estrelas, a ex-governadora do Alasca Sarah Palin, fora da disputa eleitoral, o Tea Party se vê em parte refletido em Michelle Bachmann (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2011 às 17h38.
Washington - A corrente ultraconservadora Tea Party é a grande protagonista na sombra do processo de primárias republicanas nos Estados Unidos, embora presume-se careça de líderes e não concorra como tal às eleições.
Na próxima terça-feira ocorrerão as primeiras caucus (assembléias primárias) em Iowa, um estado do meio oeste tradicionalmente muito conservador e a priori representativo da influência que pode ter o Tea Party na eleição do candidato republicano que enfrentará o presidente Barack Obama no pleito de novembro de 2012.
Com uma de suas estrelas, a ex-governadora do Alasca Sarah Palin, fora da disputa eleitoral, o Tea Party se vê em parte refletido em Michelle Bachmann, congressista por Minnesota, a única mulher na disputa, mas com poucas opções de ganhar em Iowa, como apontam as pesquisas.
Seu conservadorismo social, um cristianismo fervoroso e duras críticas contra a carga fiscal, combinados com uma retórica populista em favor de um Governo com menos competências possíveis, sintonizam com as bases do movimento situado à direita do Partido Republicano.
Também é visto com bons olhos pelo Tea Party o veterano congressista texano Ron Paul, considerado de fato o 'pai espiritual' do movimento por seus ideais ultraliberais.
Os ultraliberais como Paul são conservadores que defendem as liberdades individuais e um estado com poucas competências que não se intrometa na vida dos cidadãos.
O Tea Party elegeu o legislador no fim de fevereiro em uma convenção em Phoenix (Arizona) como favorito para a corrida pela Casa Branca e as últimas pesquisas apontam vitória em Iowa.
Na ponta dessas enquetes figura o ex-senador pela Pensilvânia Rick Santorum, com perfil muito alinhado com o Tea Party: católico fervoroso, contrário ao aborto e ao casamento gay e, por sua vez, partidário de reduzir os programas de assistência social.
Os demais candidatos não estão tão abertamente alinhados com o movimento, conscientes de que isso pode afastá-los dos republicanos menos conservadores.
O estilo agressivo e a vinculação dos democratas com o socialismo são as armas usadas pelo ex-presidente da Câmara de Representantes Newt Gingrich para atrair às bases republicanas ultraconservadoras.
Outro exemplo é o governador do Texas, Rick Perry, que critica a presença de homossexuais nas Forças Armadas e quer suprimir a reforma sanitária que aprovou o Governo de Obama.
Perry, no entanto, aprovou no Texas uma lei para que os hispânicos recebam ajudas para chegar à universidade embora não tenham regularizado sua situação, algo que choca com as linhas do Tea Party sobre imigração, que passam pela rejeição a uma anistia, penalizar os ilegais e o maior controle das fronteiras.
Enquanto isso, o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney está tentando encontrar apoio com as elites defensoras do livre mercado, segundo os analistas, mas muitos o consideram 'moderado' demais.
Romney é, além disso, incentivador de uma reforma da saúde em Massachusetts que seus críticos comparam com a aprovada por Obama.
O Tea Party baseia seu nome no motim de 1773 em Boston no qual os colonos independentistas atiraram carregamentos de chá ao mar para protestar pelos impostos do império britânico.
O movimento começou a tomar força em 2009 por iniciativa de núcleos de eleitores jovens preocupados pela economia, defensores de um ferrenho controle do gasto público, pouca presença do estado e impostos baixos, em um contexto de crise e de um índice de desemprego próximo a 10%. A isso é preciso somar a defesa dos valores conservadores tradicionais.
As eleições legislativas de novembro de 2010 já confirmaram a influência do Tea Party na vida política do país, com o triunfo de seus candidatos ao Senado Rand Paul (Kentucky), Marco Rubio (Flórida) e Kelly Ayotte (New Hampshire).
A polarização vivida em 2011 no Congresso, que chegou a pôr em risco em agosto um acordo sobre o teto da dívida americana, foi consequência em parte de uma radicalização das posturas republicanas fomentada pelo Tea Party.