Mundo

Força de Paz da ONU no Líbano acusa Israel de disparar contra sua base e causa protesto diplomático

Uma reunião foi convocada no Conselho de Segurança da ONU, em Nova York

A sede da Unifil no Líbano tem sido alvo "repetidamente" de ataques das forças militares israelenses, relatou a missão de paz (AFP)

A sede da Unifil no Líbano tem sido alvo "repetidamente" de ataques das forças militares israelenses, relatou a missão de paz (AFP)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 11 de outubro de 2024 às 07h18.

Última atualização em 11 de outubro de 2024 às 07h19.

Nessa quinta-feira, a Itália acusou Israel de possíveis "crimes de guerra" após a força da ONU (Finul), destacada entre o Líbano e Israel, denunciar "disparos repetidos" israelenses contra suas posições, incluindo um que feriu dois soldados da paz.

O Exército israelense afirmou que, antes de atirar "ao lado" da base da ONU, tinha pedido aos soldados que permanecessem "em áreas protegidas". No entanto, o incidente gerou protestos de Washington, Paris, Roma, Madri, Dublin e Jacarta, além de uma reunião na própria quinta-feira do Conselho de Segurança da ONU em Nova York.

A Itália, um dos maiores contribuintes de tropas para a força, com cerca de 900 militares mobilizados, afirmou que os atos "podem constituir crimes de guerra", enquanto Washington disse estar "profundamente preocupado" com os acontecimentos.

Embora Israel tenha reconhecido os disparos em Ras Al Naqura, insistiu que os militantes do Hezbollah, contra quem trava uma guerra cada vez mais intensa, operam perto dos postos da ONU.

Este foi o pior incidente registrado pela missão de manutenção da paz desde que, na semana passada, rejeitou as exigências israelenses para "realocação" de algumas de suas posições.

Os feridos, de nacionalidade indonésia, "estão hospitalizados", embora suas lesões "não sejam graves", informou a Finul.

O embaixador da Indonésia na ONU, Hari Prabowo, denunciou no Conselho de Segurança que o ataque "demonstra claramente como Israel se colocou acima do direito internacional, da impunidade e de nossos valores de paz".

Riscos graves

A repercussão internacional com o incidente foi rápida. A Espanha, que lidera a força de paz, pediu que a segurança de seus membros fosse "garantida", enquanto a Irlanda classificou o ato como "irresponsável" e que "deve cessar".

A Casa Branca expressou estar "profundamente preocupada" com os relatos de que Israel disparou contra a sede das forças de paz da ONU no sul do Líbano, disse na quinta-feira um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.

O chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, disse na cúpula da ASEAN no Laos que o ataque à missão é "inaceitável".

A França, que antes do incidente havia solicitado ao Conselho de Segurança uma reunião sobre o Líbano, "condenou qualquer ataque à segurança" dos soldados da ONU.

A Finul, que conta com cerca de 10 mil soldados de manutenção da paz no sul do Líbano, tem solicitado insistentemente uma trégua desde que a escalada entre Israel e o Hezbollah se intensificou, em 23 de setembro.

O chefe das forças de paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, disse na quinta-feira, no Conselho de Segurança em Nova York, que a força internacional enfrenta "riscos graves" e que no domingo 300 soldados da paz foram temporariamente realocados para bases maiores, com a previsão de deslocar "outros 200".

Ataque mortal em Beirute

O Exército israelense anunciou nas primeiras horas de sexta-feira que havia matado Mohamed Abdulah, chefe da Jihad Islâmica no campo de Nour Shams, na Cisjordânia, durante um ataque aéreo na quinta-feira. O movimento islâmico não confirmou de imediato a morte do comandante.

Na quinta-feira à noite, pelo menos 22 pessoas morreram em dois bombardeios israelenses no centro de Beirute, no ataque mais mortal contra a capital libanesa desde que Israel e o Hezbollah entraram em guerra aberta.

Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, 22 pessoas morreram e 117 ficaram feridas nos ataques aéreos que, de acordo com a agência oficial de notícias ANI, atingiram dois bairros residenciais densamente povoados.

Também na quinta-feira, o Hezbollah afirmou ter "destruído um tanque israelense que avançava" em direção a Ras Al Naqura e ter disparado foguetes contra outra frente israelense que se aproximava da cidade fronteiriça de Mais al-Jabal.

Desde que os confrontos entre Israel e o Hezbollah começaram, mais de duas mil pessoas morreram no Líbano, das quais 1.200 faleceram desde a intensificação dos bombardeios israelenses em 23 de setembro, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais.

Na frente da Faixa de Gaza, onde Israel intensificou novamente seus ataques aéreos e operações terrestres, o Crescente Vermelho Palestino anunciou que 28 pessoas morreram e 54 ficaram feridas em um bombardeio contra uma escola que abrigava famílias deslocadas.

Segundo o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Bassal, pelo menos 140 pessoas morreram em Jabalia desde o início da operação israelense, e "um grande número" de civis permanece preso sob os escombros, sem que as equipes de resgate possam intervir devido à situação de segurança.

O Exército israelense anunciou que três de seus soldados morreram no norte da Faixa de Gaza, elevando suas perdas para 353 soldados no último ano.

O conflito entre Israel e o Hamas estourou após o ataque sem precedentes de militantes islâmicos em solo israelense, que causou a morte de 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva implacável na Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, na qual mais de 42.065 palestinos já morreram, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde, que a ONU considera confiáveis.

Acompanhe tudo sobre:ONULíbanoIsrael

Mais de Mundo

Israel anuncia ter matado comandante da força de elite Radwan, do Hezbollah

Milei planeja privatizar estatal Corredores Viales, que administra rodovias na Argentina

Procuradora anuncia condução coercitiva para que Evo Morales deponha em caso sobre estupro

Protestos universitários se intensificam na Argentina após veto à lei de financiamento educacional