Alemanha: com a falha técnica, Merkel teve que pegar um voo da força aérea alemã para Madri (Thilo Schmuelgen/Reuters)
EFE
Publicado em 30 de novembro de 2018 às 11h27.
Berlim - A força aérea da Alemanha descartou nesta sexta-feira uma possível sabotagem relacionada com o problema técnico no avião de Angela Merkel, que obrigou a chanceler a realizar uma aterrissagem de emergência em Colônia ontem à noite quando viajava para Buenos Aires para participar da Cúpula do G20, contrariando informações que circularam pela imprensa do país.
"Não existe a mínima suspeita de que tenha ocorrido uma sabotagem", confirmou em declarações à Agência Efe um porta-voz da força aérea alemã depois que o "Rheinische Post" informou que o governo alemão estava analisando um possível crime.
O jornal escreveu que estava acontecendo uma investigação "criminológica", citando fontes de segurança, mas o governo afirmou que as investigações seguem "em todas as direções" diante de um incidente como este.
Martina Fietz, porta-voz do governo alemão, comentou em entrevista coletiva que, "em nenhum momento, houve perigo para a vida dos ocupantes" do avião da chanceler.
Fietz acrescentou que está tentando recompor a agenda de Merkel em Buenos Aires para que ela possa manter as reuniões bilaterais previstas com os presidentes de EUA, Rússia e Argentina.
Em outro pronunciamento para a imprensa, o coronel Guido Heinrich, da unidade da força aérea alemã encarregada de pilotar os aviões governamentais, entre outras funções, indicou que uma falha no sistema elétrico da aeronave foi a causa do problema técnico e acrescentou que, depois que o componente defeituoso foi substituído, a falha não voltou a ocorrer.
Heinrich qualificou o problema técnico de "defeito clássico de um componente" e garantiu que a aeronave governamental voltou a ser completamente operacional.
O coronel da força aérea alemã indicou que o sistema elétrico é responsável pelo fornecimento de emergência a bordo e que, por causa do defeito, aconteceu a falha completa do sistema de comunicação com terra, que pôde ser mantida graças à transmissão via satélite.
Outra das consequências foi a impossibilidade de liberar parte do combustível antes da aterrissagem, o que levou a um pouso de alto risco devido ao peso do avião.
Isso, por sua vez, fez com que os freios se aquecessem excessivamente durante a aterrissagem e foi preciso esperar que eles esfriassem antes que os passageiros do avião tivessem permissão para desembarcar, indicou Heinrich.
Além disso, o coronel assinalou que, em nenhum momento, o defeito causou uma situação de descontrole e ressaltou que toda a tripulação agiu o tempo todo "com prudência e tranquilidade".
O coronel também informou que todos os aviões, incluídos todos os seus componentes, passam por inspeções regulares por parte de pessoal técnico da unidade.
Por outro lado, Heinrich afirmou que um segundo avião governamental com as mesmas caraterísticas partirá para a capital argentina para recolher a chanceler.
O Ministério da Defesa alemão indicou que, entre junho de 2016 e junho deste ano, apenas 2% dos voos da unidade correspondente tiveram que ser cancelados.
O avião oficial, um Airbus 340-300 denominado "Konrad Adenauer", em homenagem ao primeiro chanceler da República Federal da Alemanha (a antiga Alemanha Ocidental), estava voando a cerca de uma hora e encontrava-se sobre o espaço aéreo holandês quando foi detectado o problema.
Além da chanceler, viajavam na aeronave o ministro das Finanças, Olaf Scholz, vários representantes de meios de comunicação, alguns dos quais informaram sobre a anomalia ocorrida e da possível mudança de avião através de seus perfis nas redes sociais.
A falha técnica obrigou Merkel a passar a noite em Bonn para sair de madrugada em outra aeronave da força aérea alemã para Madri, de onde prosseguiu sua viagem a Buenos Aires em um voo regular da companhia aérea espanhola Iberia.