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Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2010 às 13h31.
Santiago - A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) estima que reduzirá em 600 mil pessoas o número de desnutridos na América Latina neste ano comparado com 2009, segundo relatório sobre segurança alimentar apresentado hoje na região.
A FAO prevê que o número de desnutridos na região ficará em 52,5 milhões em 2010, uma reversão da tendência de aumento registrada desde 2006.
"A redução da fome em 2010 é importante, mas insuficiente para a única região que está mais próxima de erradicá-la", disse o representante regional da FAO, José Graziano, ao apresentar em Santiago o "Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe" 2010, que analisa as principais tendências da luta contra a fome na região.
Embora Graziano tenha classificado a projeção de "positiva", lamentou que a América Latina e o Caribe configurem a única região no mundo onde as estatísticas permanecem inalteradas em comparação com o pico registrado em 2009, quando atingiu 53,1 milhões.
Neste sentido se referiu à região da Ásia e ao Pacífico, onde a redução será este ano de 80 milhões de pessoas, e à região de África Subsaariana, onde haverá uma contração de 12 milhões de desnutridos.
Pelo estudo, o aumento dos preços dos alimentos internacionais a partir de 2006 e a crise financeira e econômica em 2009 são os principais fatores que explicam o aumento do quadro na região nos últimos anos.
O representante regional explicou que embora a América Latina seja classificada para enfrentá-la, a crise econômica foi mais profunda do que inicialmente previsto e teve graves consequências no emprego e na renda das famílias mais vulneráveis, o que prolongou a crise alimentícia.
Além disso, destacou o grande número de pessoas da região "que permanecem à margem da linha da pobreza" e que, após a crise, passaram a ser consideradas pobres, inclusive a falta de recursos financeiros dos Governos para enfrentar a difícil conjuntura econômica.
Os países que conseguiram distribuir melhor as situações de pobreza extrema e fome foram aqueles que contavam com instituições mais bem preparadas para implementar políticas anti-cíclicas, como Colômbia, Brasil e Peru e em menor grau Argentina e Chile.
Outros países, no entanto, como México, que são muito dependentes da economia americana, não conseguiram se recuperar o impacto da mudança climática na área não ajudou, pois afetou as colheitas e conseqüentemente à volatilidade dos preços.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) prevê que a economia latino-americana crescerá este ano a um ritmo do 5,2 %, fortalecendo a recuperação iniciada no segundo semestre de 2009.
Mesmo com a recuperação do crescimento econômico na região e com isso, e assim, se consiga reduzir a fome, o organismo prevê que o número de pessoas subnutridas permaneça alto nos próximos anos.
Para combater a fome, a FAO sugere uma agenda de políticas públicas voltadas para segurança alimentar que vincule o crescimento econômico a inclusão social de médio prazo.
"Só aliando o crescimento econômico à inclusão social é possível obter resultados de longo prazo, que tenham um impacto mais profundo que as ações emergenciais", declarou o Chefe da Subdireção de Assistência para as Políticas da FAO, Fernando Soto Baquero.
O organismo da ONU alerta para a importância de revalorizar o papel da agricultura familiar no abastecimento de alimentos para que os países tenham mais autonomia em momentos de crise e sobre a necessidade de erradicar a desnutrição crônica infantil e a obesidade.
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