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FMI vê ameaças à recuperação global

O organismo reduziu suas previsões para a economia mundial em 2011, para 4,3% anual

Olivier Blanchard, diretor do Departamento de Pesquisas do FMI: "os políticos devem agir agora para tornar mais robusto o sistema financeiro" (Alexander Joe/AFP)

Olivier Blanchard, diretor do Departamento de Pesquisas do FMI: "os políticos devem agir agora para tornar mais robusto o sistema financeiro" (Alexander Joe/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2011 às 16h18.

São Paulo - Os riscos de default em países europeus, a lenta recuperação nos Estados Unidos, e economias emergentes que podem ter um superaquecimento são riscos que ameaçam a reativação da economia mundial, advertiu nesta sexta-feira o Fundo Monetário Internacional.

"Há riscos muito claros" para a recuperação econômica global, advertiu o FMI ao divulgar em São Paulo uma atualização de seu relatório de perspectivas econômicas mundiais.

O organismo reduziu suas previsões para a economia mundial em 2011, para 4,3% anual, pouco abaixo dos 4,4% de suas estimativas de abril.

O Fundo indicou que "a atividade está caindo temporariamente".

"Um enfraquecimento maior do que o previsto da atividade nos Estados Unidos e uma renovada volatilidade financeira decorrente de preocupações com a profundidade dos desafios fiscais na periferia da Zona do Euro representam riscos", segundo o FMI.

Olivier Blanchard, diretor do Departamento de Pesquisas da instituição, mostrou-se particularmente preocupado com a situação na Zona do Euro, onde a Grécia caminha na corda bamba de um défault, afetando as outras economias do bloco.

Os problemas na Grécia e as dificuldades de outras nações da Zona do Euro são uma ameaça que pode "atrapalhar a retomada econômica da Europa e, talvez, do mundo", disse em uma entrevista coletiva à imprensa.

"O que está em jogo é muito importante", no momento em que a região tenta deixar a instabilidade, indicou, enfatizando que a Zona do Euro tem pela frente um "longo e doloroso processo" para recuperar sua saúde fiscal.

Se fracassar, poderão ocorrer "défaults desordenados e desestabilizadores" cujo impacto seria sentido no resto do mundo, advertiu.

O relatório enfatizou que a União Europeia (UE) tem pouco tempo para resolver seus problemas de dívida soberana, em meio a preocupações crescentes entre investidores e da população.

"Os políticos devem agir agora para tornar mais robusto o sistema financeiro", indicou.

Blanchard também destacou o risco de "superaquecimento" de algumas economias emergentes da Ásia e da América Latina.

"A inflação está crescendo além do que pode ser explicado pelos preços das matérias primas e dos alimentos", ressaltou.

China e Brasil registraram altas inflacionárias nos últimos meses.


Ao mesmo tempo, desde o começo do ano, "o crescimento tem sido decepcionante nos Estados Unidos", ressaltou. Os economistas do Fundo preveem um crescimento de 2,5% este ano para a maior economia do mundo, contra a estimativa de 2,8% em abril e de 3,0% em janeiro.

Este "enfraquecimento da atividade maior do que o previsto" é "em parte devido a fatores passageiros, entre eles o aumento dos preços das commodities, o mau tempo e as perturbações da cadeia de produção na indústria americana provocadas pelo terremoto no Japão", explicou.

No caso do Japão, o FMI reiterou sua previsão apresentada no início de junho de uma retração econômica de 0,7% para o país em 2011, após o devastador terremoto seguido de tsunami. O organismo espera uma retomada do crescimento da economia japonesa em 2012.

"Por outro lado, o crescimento surpreendeu por seu vigor na Zona do Euro, impulsionado por investimentos mais generosos na Alemanha e na França", saudou o FMI.

Para toda a Zona, o FMI revisou a sua previsão para um aumento de 2,0% em 2011, contra 1,6% anteriormente.

Para o resto do mundo, o FMI manteve suas previsões quase inalteradas.

O Fundo revisou levemente para baixo suas previsões para a América Latina e o Caribe em 2011 a 4,6% (4,7% em abril).

"O crescimento de América Latina e Caribe se mantém robusto", indicou o organismo multilateral.

A região se recuperou "rápida e solidamente" da crise mundial e cresceu 6% em 2010.

O impulso principal foi registrado na América do Sul, "onde os preços das matérias primas, as condições favoráveis ao financiamento externo e as políticas macroeconômicas flexíveis estimularam a demanda doméstica", ressaltou o Fundo.

Mas exatamente essa grande demanda interna já gera sinais de alerta: começam a ser registrados sinais de superaquecimento, como o aumento da inflação e dos preços dos bens e maiores déficits das contas correntes.

A China continuará sendo a campeã do crescimento: 9,6% em 2011.

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