O diretor geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, é um dos defensores da reforma da entidade (Stephen Jaffe/IMF)
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2010 às 09h27.
Washington - O Fundo Monetário Internacional analisa nesta sexta-feira a duplicação de seu capital, proposta pelo G20, e a distribuição do direito a voto entre os Estado membros, duas mudanças descritas como históricas pelo diretor-gerente Dominique Strauss-Kahn.
"Haverá outras reformas. Mas, sem dúvida, hoje terminamos um debate que ocupou os titulares durante décadas", afirmou Strauss-Kahn depois de um acordo alcançado pelos ministros da Fazenda e dos bancos centrais dos países ricos e emergentes do G20 em 23 de outubro passado.
O Conselho de Administração, formado por 24 dos países membros, denominou seu programa oficial desta sexta como "A reforma de cotas e a governança do FMI: elementos de um acordo".
As cotas são as contribuições dos 187 Estados membros para o capital do FMI. O capital deve ser duplicado a 750 bilhões de dólares, resolveu o G20.
E por trás da expressão "governança" se ocultam as mudanças na divisão do poder dentro do organismo multilateral, em particular seu conselho de administração.
Em sua chegada a Washington, em 2007, Strauss-Kahn teve como prioridade a conclusão do prolongado debate sobre a nova distribuição de cotas.
Quando foi adotada formalmente pelos Estados membros em abril de 2008, o dirigente saudou esse passo como "o começo da nova legitimidade do Fundo".
No entanto, esta reforma ainda não foi implementada pela falta de ratificações suficientes dos membros. O FMI esteve sobrecarregado pelos países europeus, herança do final da Segunda Guerra Mundial.
A reforma de 2010 está pensada para pôr um ponto final nisso. Um dos aspectos mais importantes é a substituição do "G5" do FMI por um "G10".
O grupo de cinco países com um assento no conselho (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e Reino Unido) deve incluir outros cinco: China, Itália, Brasil, Índia e Rússia.
Os outros 177 países deverão compartilhar outros 14 assentos. A China deve passar do sexto para o terceiro país com direito a voto.
Os países ricos e emergentes do G20 aprovaram em outubro esses grandes pontos. O Conselho de Administração deve traduzi-los nesta sexta-feira em propostas concretas.
Essas propostas serão transmitidas à assembleia dos 187 Estados membros, o conselho de diretores, que terá um mês para se pronunciar a respeito. Depois serão enviadas aos países: em função de sua Constituição, as ratificarão por seu parlamento ou seu executivo.
O FMI necessita que 111 países - que reapresentam 60% dos direitos de voto - as ratifiquem, processo que levará vários anos, segundo os analistas.