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FMI pede aos países ricos que baixem sua dívida

Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu hoje um chamado de atenção para os países ricos para que reduzam o nível de dívida pelo bem de suas economias, enquanto nas nações emergentes o ajuste fiscal necessário é muito menor. A mensagem do FMI evidencia a anomalia da crise atual, já que no passado a […]

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2010 às 19h59.

Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu hoje um chamado de atenção para os países ricos para que reduzam o nível de dívida pelo bem de suas economias, enquanto nas nações emergentes o ajuste fiscal necessário é muito menor.

A mensagem do FMI evidencia a anomalia da crise atual, já que no passado a preocupação era a dívida nos países em desenvolvimento. Neste momento são as nações ricas as que mais inquietam os mercados, especialmente porque sua posição fiscal piorou apesar da recuperação econômica ter elevado a arrecadação.

Como grupo, o déficit dos países ricos cairá este ano em quatro décimos, mas a redução se deve unicamente a diminuição da ajuda ao setor financeiro nos Estados Unidos, segundo o FMI, que publicou hoje dois relatórios sobre a situação orçamentária no mundo.

Caso suprima esse fator, os déficits serão piores em 2010 que em 2009 nos países ricos, apesar da volta do crescimento econômico.

Segundo o FMI, os Governos terão que reduzir seus déficits em 8,75% de seu Produto Interno Bruto (PIB) durante a próxima década, mais que o previsto anteriormente, para que sua dívida volte aos 60% do PIB em média em 2030, a percentagem de antes da crise. O organismo pediu planos detalhados para sanear as contas públicas e conclamou as nações que já sentem a pressão fiscal a adotarem medidas imediatamente.

Enquanto isso, nos países emergentes os déficits caíram, embora mais lentamente que o previsto, graças à alta dos preços das matérias-primas, a normalização do comércio, a retirada das medidas de estímulo e sua boa recuperação econômica.

Seus Governos devem descer a brecha orçamentária em 2,7% do PIB, o que deixaria sua dívida nos 40% do PIB em 2030. O organismo recomendou ao Brasil e a Argentina, em particular, que reduzam o gasto público e ao México que arrecade mais impostos, algo que já começou a fazer em janeiro com a alta de alguns encargos.

Segundo os cálculos do FMI, o déficit de toda América Latina, que cresceu 6,1 % do PIB em 2009, cairá para 4,1% este ano, um desempenho melhor que o estimado pela entidade em novembro. Em comparação, nos países ricos o déficit ficará nos 8,4 % do PIB este ano. 


Seu esforço orçamentário deve ser, portanto, muito mais profundo, com a desvantagem que contam com uma taxa de crescimento menor que as nações em desenvolvimento e uma população mais envelhecida que consome mais em saúde e pensões.

Apesar sua magnitude, "esse ajuste não é impossível", enfatizou hoje em entrevista coletiva Carlo Cottarelli, diretor do departamento de assuntos fiscais do FMI, que ofereceu sua própria receita de como fazê-lo.

Recomendou concentrar-se especialmente em cortar o gasto público com a alta em dois anos da idade de aposentadoria e a redução dos salários dos empregados públicos, o investimento social, os subsídios agrícolas e o orçamento militar.

Na opinião do FMI um fator-chave será estabilizar o gasto público em saúde, que a Europa em particular subestimou, segundo sua opinião, e nesse sentido aconselhou reduzir a cobertura sanitária.

Os países ricos mais também não poderão escapar da alta dos impostos. O FMI sugeriu elevar as taxas sobre os bens imobiliários, o tabaco, o álcool, os combustíveis e o Imposto sobre o Valor Agregado (IVA).

Além disso, propôs taxar as emissões de contaminação e leiloar as permissões de emissão de gases, o que além de melhorar o meio ambiente suporia uma nova fonte de ingressos de renda para os Governos.

Perante a dificuldade de adotar medidas como as sugeridas pelo FMI, os Governos poderiam cair na tentação de renunciar baixar a dívida e simplesmente tentar estabilizá-la em um nível mais alto que antes da crise. Cottarelli advertiu que isso geraria taxas de juros mais elevadas e um menor crescimento a longo prazo. 


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