México: são relevantes o comportamento das grandes economias regionais: México, que manterá crescimento de cerca de 3% este ano; e Brasil, para o qual o Fundo voltou a reduzir suas previsões até 1,8% em 2014 (AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de abril de 2014 às 18h12.
Washington .- "Os ventos são menos favoráveis" na América Latina, que deverá adaptar-se a um contexto de menores preços das matérias-primas e condições financeiras mais ajustadas, explicou nesta sexta-feira à Agência Efe Alejandro Werner, diretor para o Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O crescimento previsto para a região latino-americana por este organismo é de 2,5% em 2014, o número mais baixo na última década se excluirmos 2009, ano da crise financeira global.
O descenso dos preços das matérias-primas se explica principalmente pelo "arrefecimento do crescimento na China"; e Werner antecipou que os mais afetados serão os países exportadores do Cone Sul.
O outro fator que joga sombras sobre as economias latino-americanas é o "ajuste" da condições externas de financiamento como consequência da normalização monetária nos Estados Unidos, onde o Federal Reserve (Fed, banco central) já iniciou o processo de retirada de seu multimilionário programa de estímulo através da compra de bônus.
Neste contexto, são especialmente relevantes o comportamento das duas grandes economias regionais: México, que manterá um crescimento de cerca de 3% este ano; e Brasil, para o qual o Fundo voltou a reduzir suas previsões até 1,8% em 2014.
"O México está agora em uma situação positiva na qual aproveita a recuperação nos EUA, ter uma taxa de câmbio competitivo e ter realizado reformas estruturais importantes", declarou Werner em entrevista à Efe durante a assembleia de meio ano do FMI e do Banco Mundial (BM).
O Brasil, por sua parte, após "um período de alto crescimento e expansão do sistema financeiro que claramente chegou aos limites", agora enfrenta o desafio notável "a médio prazo" de gerar um entorno mais propício ao investimento e ao aumento de produtividade.
Outros países sul-americanos, especialmente os qualificados pelo FMI de "financeiramente integrados", como Colômbia, Chile e Peru, continuarão com sua expansão econômica dos últimos anos.
Caso à parte são Venezuela e Argentina, para os quais Werner prevê um cenário mais complicado e com grandes desafios.
O relatório de "Perspectivas Econômicas Globais", apresentado nesta semana, destaca a saída de capitais, a elevada inflação na Venezuela e na Argentina e chama a atenção para a disparidade entre as taxas de câmbio oficiais e a realidade do mercado.
"A Argentina enfrenta significativas tensões no balanço de pagamentos. As autoridades permitiram recentemente certa desvalorização de sua moeda, uma alta nas taxas de juros e uma redução dos subsídios do consumo básico. São passos positivos, mas é preciso fazer mais", comentou Werner.
O funcionário do FMI se encontrou ontem com o ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, para analisar as recentes mudanças aplicadas por Buenos Aires aos dados utilizados para realizar suas estatísticas oficiais e que tinham sido postos em questão pelo organismo internacional.
Neste sentido, Werner destacou o "intenso" trabalho metodológico realizado pela Argentina para fornecer novos dados de Produto Interno Bruto (PIB) e inflação, depois da moção de censura colocada pelo FMI no ano passado.
Por último, a instituição dirigida por Christine Lagarde se mostrou preocupada pela situação na Venezuela, para cuja economia prevê um "estagnação" neste ano em meio a persistentes "desequilíbrios macroeconômicos e políticas de distorção".
O FMI prevê que a economia da Venezuela se contraia 0,5% em 2014 e 1% em 2015, frente ao crescimento de 1% em 2013.