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FMI alerta que EUA e Europa podem entrar em recessão

Fundo teme que dificuldades políticas impeçam a aprovação de medidas contra a crise

O fundo quer mais ações de EUA e Europa contra a crise (Daniel Roland/AFP)

O fundo quer mais ações de EUA e Europa contra a crise (Daniel Roland/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2011 às 13h03.

Washington - A Europa e os Estados Unidos podem voltar à recessão no ano que vem a menos que os governos combatam rapidamente os problemas econômicos que podem contagiar o resto do mundo, informou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira.

O FMI argumentou que a volatilidade financeira aumentou dramaticamente, seguindo a preocupação dos investidores sobre a escalada da crise de dívida da zona do euro e o enfraquecimento da recuperação dos Estados Unidos.

Essas duas regiões apresentam os maiores riscos para a perspectiva econômica global, informou o FMI, advertindo que impasses políticos podem ser obstáculos às medidas anticrise. O Fundo também pediu um plano mais ambicioso para reduzir a dívida pública do Japão.

"A indecisão de políticas exacerbou as incertezas e ampliou a extenuação financeira, contagiando a economia real", disse o FMI no relatório Perspectivas Econômicas Mundiais.

O FMI reduziu para 4 por cento as previsões para o crescimento global neste ano e no próximo, cortando estimativas para quase todas as regiões do mundo. Além disso, os riscos continuam em tendência negativa. Há apenas três meses, o FMI estimava expansão global de 4,3 por cento para 2011 e de 4,5 por cento para 2012.

A mensagem do FMI para os líderes europeus é que as autoridades do continente precisam fazer o que for preciso para preservar a confiança nas políticas econômicas nacionais e no euro, pedindo que o Banco Central Europeu (BCE) reduza a taxa básica de juros da zona do euro se persistirem os riscos ao crescimento.

O Fundo cortou em quase meio ponto percentual, para 1,6 por cento, a projeção de crescimento para a zona do euro em 2011. Condições ainda mais fracas são esperadas no ano que vem, com estimativa de apenas 1,1 por cento de expansão no período. Atualmente, o bloco monetário está crescendo a uma taxa anual de 0,25 por cento.

O FMI alertou que os duros cortes no Orçamento dos Estados Unidos podem enfraquecer ainda mais o avanço econômico do país, e disse que o Federal Reserve (banco central norte-americano) precisa estar pronto para afrouxar ainda mais a política monetária so país. O Fed se reúne nesta terça e na quarta-feira para tratar.

O FMI agora vê o crescimento dos Estados Unidos em 1,5 por cento neste ano e em 1,8 por cento em 2012, ante previsões de 2,5 e 2,7 por cento em junho, respectivamente.


Recuperação fraca e instável

A economia do Japão deve encolher 0,5 por cento neste ano, em uma contração não tão severa quanto a estimada anteriormente (de 0,7 por cento), mas deve crescer apenas 2,3 por cento em 2012. Em junho, o FMI havia previsto crescimento de 2,9 por cento para o ano que vem.

Juntas, as economias avançadas --incluindo Estados Unidos, zona do euro e Japão-- devem crescer 1,6 por cento neste ano e 1,9 por cento no próximo, marcando uma forte redução nas previsões anteriores: 2,2 e 2,6 por cento, respectivamente.

A perspectiva, disse o FMI, é para uma "expansão fraca e instável."

O FMI também disse que as perspectivas para as economias emergentes estão ficando mais incertezas, embora o crescimento deva permanecer forte, em cerca de 6,4 por cento neste ano e 6,1 por cento em 2012.

Porém, os sinais de superaquecimento ainda merecem atenção nesses países, advertiu o FMI, acrescentando que, sobre algumas economias, paira a sombra dos elevados preços de commodities e das incertezas sociais e políticas.

O FMI também cortou as previsões de crescimento econômico para a China e outros países asiáticos em desenvolvimento, em parte devido à lentidão da economia global.

O "crescimento (da Ásia) continua forte, embora esteja moderando, com o surgimento de restrições de capacidade e a demanda externa mais fraca", disse o FMI.

O FMI estima que a China crescerá 9,5 por cento em 2011 e 9 por cento em 2012. Em junho, a instituição previa uma expansão de 9,6 por cento para 2011 e 9,5 por cento para 2012.

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