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FMI alerta que boom na América Latina pode virar crise

Diretor do fundo pediu que países da região atuem para impedir um superaquecimento da economia

Nicolas Eyzaguirre, diretor para o Hemisfério Ocidental do FMI: medo de crise na América Latina (Robert Giroux/FMI)

Nicolas Eyzaguirre, diretor para o Hemisfério Ocidental do FMI: medo de crise na América Latina (Robert Giroux/FMI)

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Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2011 às 15h53.

Rio de Janeiro - O boom econômico da América Latina pode acabar em uma ampla crise, a não ser que os governos da região administrem a situação de forma apropriada, disse nesta quinta-feira o diretor do Fundo Monetário Internacional para o Hemisfério Ocidental, Nicolas Eyzaguirre.

O diretor afirmou que os fundamentos econômicos da América Latina parecem estar em boa forma, mas instou os formuladores de política a tomarem medidas para impedir que suas economias fiquem superaquecidas, e deixar reservado o que for possível dos ganhos obtidos com o boom atual.

Caso isso não aconteça, disse ele no Seminário de Metas para Inflação no Rio de Janeiro, a região poderá ver suas moedas se enfraquecerem dramaticamente como resultado de um choque externo repentino --tais como, citou ele, uma queda nos preços globais de commodities ou um aumento rápido e inesperado nos juros nos Estados Unidos.

Eyzaguirre mencionou especificamente o Brasil, dizendo que o governo da presidente Dilma Rousseff deve continuar "controlando a economia por meio de uma gama de medidas para evitar exuberância, ou pode acabar em lágrimas".

"Se uma grande correção ocorrer... o capital pode parar de vir para o país repentinamente e você pode ter uma grande crise financeira", acrescentou.

Os comentários de Eyzaguirre representam um dos mais fortes alertas até o momento de uma autoridade sênior sobre os perigos no curto prazo com a recente corrida à prosperidade na América Latina.

Embora ele tenha equilibrado o discurso com elogios aos esforços dos formuladores de política até agora, ele também criticou o histórico de gastos excessivos da América Latina durante bons momentos econômicos. Ele alertou investidores a não se exporem demais no chamado carry trade com o real, que ele acredita que poderá se enfraquecer no futuro.

Os comentários vieram no momento em que o real e outras moedas regionais vêm se enfraquecendo nos últimos dias, em linha com o movimento nos preços de commodities. Preocupações com a demanda na China, um importante comprador de commodities latino-americanas, levaram alguns a questionar se o crescimento regional vai entrar em uma fase mais lenta.

"Há uma chance muito boa de que os preços possam mudar rapidamente e abruptamente", disse Jorge Knauer, diretor de tesouraria do banco Prosper, no Rio de Janeiro.

"A queda nos preços de commodities tem o mesmo impacto que uma redução na liquidez por meio dos juros. Quando as commodities caem, as moedas da região caem junto." Eyzaguirre afirmou que uma correção moderada nos preços globais de commodities pode particularmente afetar o apetite pelo real.

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