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Flórida sofre êxodo em massa com aproximação de furacão Irma

Uma fila interminável de carros serpenteava ao norte da península, carregados com colchões, galões de combustível e caiaques

Enquanto Irma se aproxima, mulher enche carrinho em supermercado em praia de Miami (Carlo Alegri/Reuters)

Enquanto Irma se aproxima, mulher enche carrinho em supermercado em praia de Miami (Carlo Alegri/Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de setembro de 2017 às 22h46.

As autoestradas da Flórida estavam engarrafadas nesta sexta-feira, com famílias fugindo de suas casas para escapar do furacão Irma, que se aproxima deste estado do sudeste dos Estados Unidos, depois de matar ao menos 17 pessoas e reduzir muitas construções a escombros em sua passagem pelo Caribe.

Uma fila interminável de carros serpenteava ao norte da península, carregados com colchões, galões de combustível e caiaques, à medida que os residentes foram levando a sério os alertas insistentes de evacuação.

O governador da Flórida informou que todos os 20,6 milhões de moradores do estado devem se preparar para partir.

"Isto é o mais real possível", dizia um aviso postado pelo Serviço Meteorológico Nacional para Key West - uma das ilhas ao sul da Flórida que serão as primeiras a enfrentar a fúria de Irma no sábado à noite.

"Nenhum lugar em Flórida Keys estará seguro. Você ainda tem tempo de sair".

"O furacão Irma tem proporções épicas, talvez seja o maior que já vimos", alertou o presidente Donald Trump no Twitter. "Fiquem em segurança e saiam de seu caminho se possível".

Varrendo tudo em sua passagem pelo Caribe, a monstruosa tempestade matou ao menos 17 pessoas ao atingir uma série de pequenas ilhas, como São Bartolomeu (Saint Barth) e São Martinho (Saint Martin), onde 60% das casas viraram escombros e cenas de saques foram registradas, antes de seguir para as Ilhas Virgens e Porto Rico.

"Casas foram esmagadas, o aeroporto está inoperante, postes de telefone e eletricidade estão no chão", contou à AFP Olivier Toussaint, morador de Saint Barth. "Carros de cabeça para baixo foram parar em cemitérios. Barcos estão submersos na marina, lojas foram destruídas".

Durante a noite, o Irma foi rebaixado de furacão de categoria 5 - algo raro - para 4, ainda letal, e continua a trazer ventos extremamente perigosos de 240 km/h.

Enquanto Irma avança em direção à Flórida, os meteorologistas monitoram de perto outros dois furacões: José - de categoria 4 que segue o caminho de Irma no Atlântico - e Katia, que deve atingir o México nesta sexta-feira.

Ajuda interrompida no Caribe

O furacão José prejudicou as operações de emergência no Caribe, já que a piora do clima impediu que os barcos saíssem com provisões de emergência e que as aeronaves decolassem.

Os poderosos ventos de Irma começaram a ser sentidos no leste e no centro de Cuba, onde cerca de um milhão de pessoas deixaram suas casas para ficar com familiares ou em abrigos oficiais.

Maior ilha do Caribe, Cuba já tinha evacuado dez mil turistas estrangeiros de seus resorts de praia e elevou seu nível de alerta de desastre ao máximo à medida que Irma se aproximava.

Havana deve ser poupada do pior, mas permanece em alerta de furacão.

Na Flórida, onde meteorologistas alertam que a tempestade pode elevar em até oito metros os níveis normais do mar, mais de meio milhão de pessoas estão sob ordens de evacuação, provocando um êxodo em massa que é dificultado por engarrafamentos e falta de combustível.

A normalmente fervilhante Miami Beach estava deserta e as vitrines das lojas, vedadas com tapumes, alguns com pichações como "Say no to Irma" (Diga não a Irma) ou "You don't scare us Irma" (Irma, você não nos assusta).

"Ninguém pode se preparar para uma maré de tempestade [elevação do mar associada ao fenômeno climático]. Ela pode destruir tudo", declarou David Wallack, de 67 anos, dono de um clube de salsa que fazia o seu melhor para garantir a segurança de sua propriedade na Ocean Drive, em Miami.

"Só podemos rezar pelo melhor. Você coloca o que pode em uma mala e espera", acrescentou.

Carros de polícia circulavam pelas vias costeiras de West Palm Beach, repetindo a mensagem: "Atenção, atenção, esta é uma zona de evacuação obrigatória. Por favor, saiam".

Na vizinha Geórgia, o governador Nathan Deal também determinou a evacuação da cidade de Savannah, com uma população de cerca de 150 mil pessoas, e de outras zonas costeiras.

De acordo com o Centro Nacional de Furacões, com base em Miami, Irma deve atingir as ilhas Florida Keys na noite de sábado, antes de avançar pelo continente.

- 'Poderoso e mortal' -

Às 17h00 locais (19h00 de Brasília) desta sexta-feira, o furacão estava sobre o extremo norte de Cuba e a parte central das Bahamas, avançando para o oeste com uma velocidade de 19 km/h.

"A tempestade é poderosa e mortal", advertiu o governador da Flórida, Rick Scott, em alusão a Irma.

"Não ignorem as ordens de evacuação. Todos devem se preparar para a evacuação em breve", disse Scott.

"Lembre-se, nós podemos reconstruir sua casa, mas não podemos devolver sua vida", acrescentou.

O Exército americano mobilizava milhares de soldados e enviou grandes embarcações para auxiliar nos trabalhos de evacuação e socorro humanitário.

No Caribe, ventos violentos arrancaram telhados e destruíram fachadas de prédios, derrubaram blocos de concreto, carros e inclusive contêineres.

Pelo menos duas pessoas morreram em Porto Rico e mais da metade dos três milhões de habitantes ficaram sem eletricidade depois que rios transbordaram no centro e no norte da ilha.

Outras quatro pessoas morreram nas Ilhas Virgens, e vários feridos graves foram levados por via aérea para Porto Rico.

Uma pessoa morreu na minúscula Barbuda, onde 30% das propriedades foram demolidas e 300 pessoas, evacuadas para Antigua.

A França informou que pelo menos nove pessoas morreram em seus territórios no Caribe, enquanto outras sete estão desaparecidas. Houve 112 feridos, dois com seriedade.

Na parte holandesa de São Martinho (St Martin), uma pessoa morreu, segundo fontes oficiais.

No Haiti, um motociclista está desaparecido depois de ser arrastado quando tentava cruzar um rio, e várias estradas foram arrasadas.

Os países europeus se mobilizaram rapidamente para ajudar seus cidadãos no Caribe. A França e a Holanda enviaram centenas de policiais a St Martin para combater uma onda de saques, em meio a escassez de comida, água e petróleo.

O governo francês disse que enviará 400 policiais após registros de "pilhagem" em St Martin, onde a maioria dos 80 mil habitantes perderam suas casas.

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