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Final da Copa tem líder indiciado por crime de guerra em camarote

O conflito em Darfur já teria deixando mais de 300 mil mortos, 2,7 milhões de refugiados e grandes atrocidades

Sodado registra habitantes de Darfur, no Sudão (Albert Gonzalez Farran/AFP/AFP)

Sodado registra habitantes de Darfur, no Sudão (Albert Gonzalez Farran/AFP/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de julho de 2018 às 15h31.

Moscou - A final da Copa do Mundo tem um líder indiciado por crimes contra a humanidade em seu camarote mais importante. O presidente do Sudão, Omar Al Bashir, é um dos poucos chefes de estado que aceitou o convite de Vladimir Putin para estar na final, no Luzhniki Stadium, em Moscou. Apenas nove presidentes estão no local, neste domingo.

Assim como na abertura, a lista de convidados mostra o isolamento de Putin, diante de uma tensão internacional. Apesar de seu discurso sobre como os torcedores mudaram a imagem do país, a final não contou nem com o secretário-geral da ONU, um frequentador recorrente dos grandes eventos esportivos.

Em 2009, o Tribunal Penal Internacional (TPI) pediu a prisão de Bashir, por suspeitas de crimes contra humanidade e crimes de guerra. O Tribunal aceitou as acusações contra o chefe de estado em relação à guerra em Darfur, abrindo um precedente histórico: nenhum presidente em exercício está imune à justiça internacional.

Sua prisão, porém, passou a ser uma tarefa quase impossível, já que ele apenas viaja para países onde recebe garantias de que não será preso e entregue ao tribunal. Um deles é a Rússia.

O conflito em Darfur já teria deixando mais de 300 mil mortos, 2,7 milhões de refugiados e algumas das maiores atrocidades da década. Com o decreto de prisão, Al Bashir se tornou o primeiro chefe de estado em atividade a ser indiciado pelo TPI, criado exatamente para não deixar criminosos de guerra impunes. O governo sudanês já foi acusado pela Casa Branca de ter promovido o "primeiro genocídio do século XXI".

Além dele, o evento conta com a presidente da Croácia, Kalinda Grabar Kitarovic, com o francês Emmanuel Macron, além dos líderes da Palestina, da Moldávia, Bielo-Rússia e Armênia. Nicolas Sarkozy, ex-presidente da França, e o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, também foram até Moscou.

Putin ficou ausente dos estádios da Copa e apenas abriu o evento, no dia 14 de junho. Mas o bom desempenho de sua seleção garantiu que o mês se transformasse em uma celebração do patriotismo russo.

Um dos principais convidados, porém, é o emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani. Ele recebeu de Putin, de forma simbólica, uma bola que simboliza o desafio de organizar a próxima Copa do Mundo, em 2022. Sua escolha foi repleta de escândalos de corrupção e a construção de seus estádios é denunciada por sindicatos e ativistas como sendo conduzida com trabalho considerado semiescravo.

No encontro, o emir apostou que, em quatro anos, sua seleção vai ter o mesmo desempenho que a Rússia mostrou em casa. Putin, em um momento de descontração, disse que discordava e que a Rússia estaria ainda mais forte em 2022.

 

 

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