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Fim das negociações nucleares entre Irã e EUA em Roma

Enriquecimento de urânio e ameaças de Israel complicam retomada do acordo nuclear de 2015

Negociações nucleares: Irã e Estados Unidos encerram rodada em Roma com progresso parcial e desafios no acordo de 2015 (Jalaa Marey/AFP)

Negociações nucleares: Irã e Estados Unidos encerram rodada em Roma com progresso parcial e desafios no acordo de 2015 (Jalaa Marey/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 23 de maio de 2025 às 15h02.

Última atualização em 23 de maio de 2025 às 15h08.

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A quinta rodada de conversações sobre o programa nuclear iraniano entre Irã e Estados Unidos terminou nesta sexta-feira, 23, em Roma "com algum progresso, mas sem resultados conclusivos", segundo o mediador de Omã. O impasse ocorre principalmente em torno da questão do enriquecimento de urânio.

As negociações, iniciadas em abril, representam o contato direto entre funcionários de alto escalão desde que os Estados Unidos abandonaram o acordo nuclear de 2015, durante o governo de Donald Trump.

Por volta das 15h GMT (12h em Brasília), Omã anunciou o fim das conversas após quase 3 horas entre o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araqchi, e o enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Progresso, divergências e expectativa

A mediação de Omã avaliou que a rodada teve “algum progresso, mas sem resultados conclusivos”. O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al Busaidi, afirmou no X que espera esclarecer as questões pendentes nos próximos dias para avançar em direção a um acordo duradouro.

Araqchi destacou que “as negociações são mais complicadas do que podem ser resolvidas em duas ou três reuniões”.

Principais pontos de conflito

Desde a retomada da Casa Branca por Trump, a campanha de "pressão máxima" sobre o Irã continua, com advertências de possíveis ações militares caso a diplomacia fracasse. O Irã, por sua vez, busca flexibilizar sanções que afetam sua economia.

Na rodada anterior, em Mascate, houve divergências públicas sobre o enriquecimento de urânio. Witkoff declarou que Washington "não poderia autorizar nem sequer um por cento de capacidade de enriquecimento", enquanto Teerã considera essa postura "inaceitável", pois a atividade é compatível com fins civis.

Araqchi alertou que, se os EUA impedirem o Irã de enriquecer urânio, “não haverá acordo”.

Contexto do acordo nuclear de 2015 e atual cenário

O acordo de 2015 buscava impedir o desenvolvimento de armas nucleares pelo Irã em troca de alívio nas sanções internacionais. A saída unilateral dos EUA em 2018 fez o Irã intensificar suas atividades nucleares.

Atualmente, o Irã enriquece urânio a 60%, bem acima do limite de 3,67% estabelecido, mas abaixo dos 90% necessários para armas.

Fatores externos e tensões regionais

A indústria nuclear iraniana emprega cerca de 17 mil pessoas, número comparável a outros países que enriquecem urânio para fins civis, como Países Baixos, Bélgica, Coreia do Sul, Brasil e Japão, conforme o porta-voz Behruz Kamalvandi.

A rivalidade com Israel, aliado dos EUA, é uma constante nas negociações. Autoridades americanas relataram que Israel prepara ataques às instalações nucleares iranianas. Em resposta, Araqchi enviou carta ao secretário-geral da ONU, António Guterres, alertando que os EUA assumiriam responsabilidade legal por qualquer ataque israelense.

Possíveis consequências e próximos passos

A Casa Branca afirmou que Trump teve conversa produtiva sobre o Irã com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

O acordo prevê reimposição de sanções pela ONU caso o Irã viole compromissos, medida que Reino Unido, França e Alemanha indicaram que poderiam ativar.

Araqchi afirmou que isso poderia significar “o fim do papel da Europa no acordo” e uma escalada de tensões “irreversível”.

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