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Fim da eleição presidencial no Egito após prorrogação de 24h

Depois de dois dias de eleição, a participação não ultrapassava os 37%, longe dos 51,85% registrados em 2012, quando Mursi foi eleito


	Abdel-Fattah el-Sissi: ex-chefe do Exército deseja ter grande apoio popular
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Abdel-Fattah el-Sissi: ex-chefe do Exército deseja ter grande apoio popular (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2014 às 18h17.

A eleição presidencial no Egito terminou nesta quarta-feira após ser prorrogada por um terceiro dia na tentativa de aumentar a participação e evitar uma abstenção que possa comprometer a legitimidade do provável vencedor, o marechal Abdel Fattah al-Sissi.

Os centros eleitorais fecharam nesta quarta-feira às 21h00 (15h00 no horário de Brasília) e as primeiras estimativas devem ser anunciadas ainda esta noite, enquanto os resultados oficiais serão divulgados dia 5 de junho.

O ex-chefe do Exército, que deseja ter um grande apoio popular após a destituição e prisão do presidente islâmico Mohamed Mursi, em julho de 2013, declarou que não espera menos do que 45 milhões de votos a seu favor, dos 53 milhões de eleitores no país árabe mais populoso do mundo.

Mas, depois de dois dias de eleição, a participação não ultrapassava os 37%, longe dos 51,85% registrados em 2012, quando Mursi foi eleito.

"A imagem que o regime tentou promover de Sissi está comprometida. Superestimaram seu apoio" entre a população, considera Shadi Hamid, pesquisador do Saban Center.

Desde o golpe que destituiu o primeiro presidente democraticamente eleito do país, a imprensa se rendeu ao marechal, que tem seu rosto estampado em todas as ruas do Egito.

Desde segunda-feira, os apresentadores e comentaristas se esforçavam para convencer os egípcios a votar, alternando súplicas e ameaças, enquanto corria o rumor de que haveria multas para aqueles que não fossem às urnas.

"Ninguém fora do Egito ou no Ocidente acredita que esta foi uma eleição livre e justa", explica Hamid, mas esta fraca participação popular "faz com que o regime pareça incompetente, algo que servirá de argumento para a Irmandade Muçulmana".

O movimento ao qual pertence Mursi, principal alvo da ofensiva lançada pelo governo interino que deixou mais de 1.400 mortos e 15.000 detidos, pediu o boicote à eleição e disse que não reconheceria seus resultados.

A brutal repressão custou a Sissi muitas críticas de países ocidentais e da ONU, mas também deu a ele uma grande popularidade entre os egípcios que vivem em um ambiente de grande instabilidade desde a queda do regime de Hosni Mubarak em 2011, em meio à Primavera Árabe.

Não há dúvidas quanto aos resultados

Para o cientista político Gamal Abdel Gawad, Sissi não "precisava estabelecer como meta uma participação tão alta, porque, quando não há dúvidas quanto aos resultados de uma eleição, não é fácil incentivar as pessoas a votar".

De fato, nesta quarta, vários colégios eleitorais visitados pela AFP estavam completamente vazios.

"Eles se deram conta de que a participação era baixa, então prorrogaram em um dia para aumentá-la (...) todas as eleições nesta país são manipuladas", declarou à AFP Mohamed Ali Hagar, um jovem assistente de direção de cinema que disse boicotar as eleições.

O outro candidato, o líder da esquerda Hamdeen Sabbahi, que havia ameaçado retirar a sua candidatura, manteve-se na briga, mas afirmou que a extensão da votação servia apenas "para manipular os resultados e os níveis de participação".

O político, de 60 anos, não conseguiu convencer a população, disposta a ceder suas liberdades em troca de mais um governo militar que recupere a economia e a estabilidade. À exceção de Mursi, que governou por pouco mais de um ano, a história recente do Egito é marcada por longas administrações militares.

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