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Fim da apuração: Biden vence na Geórgia e Trump leva na Carolina do Norte

O presidente eleito Joe Biden ampliou sua vitória no colégio eleitoral ao vencer na Geórgia, enquanto Trump confirmou a Carolina do Norte

Biden: vitória na Geórgia, que ainda terá recontagem (Joe Raedle/Getty Images)

Biden: vitória na Geórgia, que ainda terá recontagem (Joe Raedle/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 13 de novembro de 2020 às 17h18.

Última atualização em 13 de novembro de 2020 às 18h51.

As emissoras de TV americana confirmaram para o presidente eleito Joe Biden a vitória na Geórgia, enquanto o presidente Donald Trump teve a vitória confirmada na Carolina do Norte, onde ele liderou desde o começo da apuração.

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Com os resultados, não há mais estados a serem declarados na apuração americana, embora ainda restem alguns votos a serem contabilizados. O resultado no colégio eleitoral ficou em 306 votos para Biden e 232 para Trump (veja no mapa abaixo como cada estado votou).

Na madrugada desta sexta-feira, Biden já havia tido a vitória confirmada no Arizona. Geórgia e Arizona são tradicionalmente republicanos e não votavam em um democrata há quase 20 anos, desde Bill Clinton nos anos 90. Em 2016, o presidente Donald Trump venceu Hillary Clinton com folga em ambos.

Na Geórgia, Trump começou liderando e Biden só virou na manhã da última sexta-feira, 6, mantendo a liderança desde então. O democrata conclui a apuração com cerca de 14.000 votos à frente, uma margem apertada.

(EXAME Research/Exame)

Apesar do resultado, as autoridades eleitorais do estado já afirmaram nesta semana que a Geórgia teria uma recontagem, não importava quem ganhasse, devido à diferença pequena de votos entre os dois candidatos.

Ainda que a recontagem mude o resultado na Geórgia, que tem 16 votos no colégio eleitoral, Biden segue eleito caso os resultados não mudem em estados onde ele já foi confirmado.

A chapa de Biden e Kamala Harris também atingiu a maior votação popular da história dos Estados Unidos, 77,98 milhões de votos (50,8%), contra 72,66 milhões de Donald Trump e Mike Pence (47,4%). O recorde anterior era do ex-presidente Barack Obama em 2008, de quem Biden foi vice.

A apuração da eleição americana acontece desde o último dia 3 de novembro, data oficial da eleição. A vitória nacional de Biden foi consagrada na semana passada depois de vencer na Pensilvânia e ampliada com o resultado em Nevada.

O resultado demorou quatro dias a sair em meio à demora para contar os votos feitos pelo correio e de forma antecipada (o que é permitido nos EUA), modalidades que tiveram adesão recorde em meio à pandemia.

Neste ano, Biden teve vantagem na Geórgia sobretudo entre eleitores negros (que são um terço do eleitorado do estado e que compareçam em grandes números para votar) e nas regiões metropolitanas, como nos condados próximos a Atlanta.

O candidato democrata à presidência dos EUA e ex-vice-presidente Joe Biden comparece a uma parada de campanha em Atlanta, Geórgia, EUA, em 27 de outubro de 2020. REUTERS / Brian Snyder

Biden em comício em Atlanta durante a campanha: grande fluxo de votos veio dos eleitores das grandes cidades e de parte do eleitorado negro (Brian Snyder/Reuters)

O estado teve um esforço grande dos democratas para registrar eleitores negros e garantir que eles tivessem condições de votar. Eleitores negros na Geórgia e em outros estados do Sul vêm apontando há anos práticas que classificam como "supressão dos votos".

Ficou marcada no imaginário a eleição para governador de 2018, onde Stacey Abrams perdeu para o republicano Brian Kemp por cerca de 55.000 votos.

Naquele pleito, mais de 53.000 inscrições de eleitores ficaram em suspenso por diferenças entre os nomes em seus documentos e o dos registros eleitorais (às vezes por uma abreviação ou pela falta de um hífen). Sete entre dez desses eleitores eram negros; três em cada dez habitantes da Geórgia são negros.

Nesta eleição, Abrams e correligionários democratas no estado foram responsáveis por ajudar a registrar milhares de eleitores negros na Geórgia que, do contrário, não votariam, e são vistos como grandes responsáveis pela vitória de Biden.

Mudança no Sul?

Se confirmada pela recontagem, a vitória na Geórgia, assim como no Arizona, é símbolo de uma mudança dramática nos resultados de importantes estados do Sul dos EUA, tradicionalmente republicano.

Em todos os estados decisivos, mesmo no Sul, Biden foi beneficiado por mais votos em regiões metropolitanas e de parte significativa do eleitorado negro e latino, sobretudo entre os mais jovens. A eleição de 2020 também teve comparecimento de mais de 60%, o maior em um século, desde antes da Primeira Guerra Mundial.

Esses movimentos do eleitorado garantiram por exemplo a vitória de Biden no Arizona, que não votava em um democrata desde 1996, também com Bill Clinton, e, antes disso, desde Truman em 1948 e Roosevelt antes dele, nos incomuns tempos da Segunda Guerra Mundial.

O Arizona é estado do ex-senador e ex-candidato à presidente John McCain, que concorreu contra Obama e morreu em 2018. Herói de guerra, McCain era símbolo de uma ala "tradicional" do Partido Republicano que nunca se deu bem com Trump.

Nesta eleição, um vídeo do discurso de McCain parabenizando Barack Obama pela vitória em 2008 e aceitando o resultado viralizou na internet em meio às acusações de fraude na eleição feitas por Donald Trump.

Diante das desavenças, Trump também ficou marcado por chamar McCain de "perdedor" em uma entrevista, o que muitos analistas apontam como um dos motivos para sua derrocada no Arizona, onde o senador era altamente popular.

O próprio Texas, de forma incomum, se tornou estado "a ser observado" nesta eleição segundo os principais institutos de pesquisa. O estado terminou com vitória de Trump, mas, pela primeira vez em muito tempo, um democrata teve alguma chance real de vencer, e algumas pesquisas chegaram a apontar Biden e Trump até mesmo em empate técnico.

O resultado nas urnas foi mais favorável a Trump do que nas pesquisas, mas deve se consolidar como o pior resultado de um republicano no Texas na história, com o presidente vencendo por menos de 6 pontos (em 2016, teve 9 pontos à frente, o que já havia sido um resultado pior do que dos candidatos republicanos recentes, de George W. Bush a John McCain ou Mitt Romney).

Tudo somado, a alta rejeição de Trump entre os eleitores negros do Sul -- que não necessariamente era uma rejeição ao Partido Republicano antes --, foi um dos principais motivos para a votação histórica dos democratas na região.

Trump seguiu vencendo nos estados fortemente republicanos do Sul e em estados que estavam em disputa, incluindo na Flórida, que os democratas esperavam ganhar e foi uma das maiores vitórias republicanas nesta eleição. Mas a "nova cara" de algumas regiões do Sul no mapa eleitoral mostrou um grande contingente de novos votos democratas.

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