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Filme sobre Bin Laden presta tributo a uma espiã da CIA

O filme de Kathryn Bigelow, diretora de "Guerra ao Terror", Oscar de melhor filme em 2010, mostra a investigação iniciada após os atentados de 11 de setembro de 2001

A atriz Jessica Chastain chega à première do filme "A Hora Mais Escura": a agente da CIA Maya é mostrada como uma incansável agente dedicada a seguir as pistas  (©afp.com / Paul A. Hebert)

A atriz Jessica Chastain chega à première do filme "A Hora Mais Escura": a agente da CIA Maya é mostrada como uma incansável agente dedicada a seguir as pistas (©afp.com / Paul A. Hebert)

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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2012 às 16h57.

Los Angeles - A atriz Jessica Chastain diz que "A Hora Mais Escura", um filme sobre a perseguição a Osama Bin Laden, é um tributo à anônima agente da CIA que ela interpreta e que foi fundamental na caçada ao líder da Al-Qaeda.

O filme de Kathryn Bigelow, diretora de "Guerra ao Terror", Oscar de melhor filme em 2010, mostra a investigação iniciada após os atentados de 11 de setembro de 2001 e concluída com a operação que matou Bin Laden em Abbottabad, Paquistão, ano passado.

Interpretada com intensidade por Chastain, a agente da CIA Maya é mostrada como uma incansável agente dedicada a seguir as pistas que, por fim, identificaram o contato que servia de mensageiro para o refúgio de Bin Laden em Abbottabad.

"Nunca havia tido uma responsabilidade como esta. Estou interpretando uma mulher real e isto é uma responsabilidade enorme, porque realmente admiro Maya e não quero sentir que a traí", disse a atriz americana, utilizando o pseudônimo da personagem.

"Ela não pode assumir a responsabilidade do que conseguiu, porque é uma agente secreta. Não pode elevar sua voz à imprensa e dizer 'fui eu'. Assim, fazer este filme é uma forma de agradecer e dar o crédito pelo que fez", disse à AFP.

"E eu tinha a enorme responsabilidade de não arruinar isto", completou a atriz, que não foi autorizada a conhecer a agente real da CIA para preparar a personagem, justamente porque ela ainda é espiã da agência americana.

Bigelow já trabalhava no filme sobre Bin Laden com Mark Boal, o mesmo roteirista de "Guerra ao Terror", quando um comando de elite americano invadiu o refúgio da Al-Qaeda e matou seu líder em 1 de maio de 2011.


O projeto narrava a busca por Bin Laden e descrevia o trabalho da agente, mas o filme foi modificado para virar, à luz dos acontecimentos, a história de um dos maiores êxitos militares dos Estados Unidos desde 11 de setembro de 2001.

O filme estreia em 11 de janeiro nos Estados Unidos e uma semana depois no Brasil, mas será exibido em um número limitado de salas americanas a partir de quarta-feira e ficar habilitado ao prêmio da Academia, que terá os indicados anunciados no dia 10.

Mesmo antes da estreia, o filme já provoca polêmica. Alguns acusam a cineasta de ter obtido acesso a informações confidenciais e consideram que longa-metragem é parte de um plano de propaganda do presidente Barack Obama.

O filme também não alivia no momento de apresentar episódios de tortura ou polêmicas técnicas de interrogatório como o "submarino", o ato de submergir a cabeça do acusado em um recipiente com água.

As informações obtidas com estes métodos são mostradas como cruciais para a montagem do quebra-cabeças que, posteriormente, resultou na localização de Bin Laden. E o longa mostra a clara decepção dos agentes da CIA quando um recém-eleito Obama ordena o fim da tortura.

Mas o filme - que levou os prêmios de melhor longa e melhor diretora da Associação de Críticos de Nova York e recebeu quatro indicações ao Globos de Ouro - evita a politização e focaliza a caçada a Bin Laden.


Não mostra a vida privada de Maya e nada próximo a um pequeno momento de romance que desvie o tema da trama.

"Era ela exatamente assim. Não tinha namorado, não tinha vida pessoal. Para ela, o mais importante era seu trabalho e encontrar este homem", disse Jessica Chastain.

E ela tinha e tem uma forte personalidade.

"Muitos personagens femininos, nos filmes, são definidos pelos homens de suas vidas, por seus filhos ou por terem sido vítimas de um homem", disse Chastain.

"Mas esta mulher é capaz, inteligente e é a perfeita representação da atual geração de mulheres. Para mim, foi muito emocionante ficar próxima de um personagem como este".

Inevitavelmente, o filme tem seu clímax na operação de Abottabad, um momento catártico para os americanos que provocou celebrações em todo o país. Mas até mesmo este episódio aparece de forma contida na obra de Bigelow.

"No final, perguntam para onde ela deseja ir, mas ela não tem resposta. Quem é ela? E a pergunta não é apenas quem é ela, mas quem somos nós como nação, como sociedade", disse Chastain.

"Acredito que a ideia de mostrar algo além do 'hurra, matamos Bin Laden' foi muito corajosa da parte de Kathryn (Bigelow) e Mark (Boal). Não é disso que trata o filme. O filme pergunta para onde iremos agora".

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