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Filho de Muammar Kadafi é solto por milícia após 6 anos de prisão

O segundo filho do ditador da Líbia foi capturado em novembro de 2011, pouco após o assassinato do seu pai

Muammar Kadafi (Casa Branca/Divulgação)

Muammar Kadafi (Casa Branca/Divulgação)

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EFE

Publicado em 10 de junho de 2017 às 20h01.

Trípoli - Saif al Islã, um dos filhos de Muammar Kadafi, foi posto em total liberdade, anunciou neste sábado a milícia que o retinha há quase seis anos na cidade líbia de Zintan.

Em um comunicado divulgado à imprensa, a milícia "Abu Bakr al Siddiq" explicou que o segundo filho do ditador derrubado e um dos seus favoritos foi libertado na sexta-feira e imediatamente abandonou a cidade onde foi capturado em novembro de 2011, pouco após o assassinato do seu pai.

"Decidimos liberar Seif al Islam Kadafi. Agora está completamente livre. Confirmamos que abandonou Zintan no momento da sua liberdade, ontem 14 de Ramadã", detalhou a milícia em sua nota.

Formado no London School of Economics em 2008, Al Islam foi durante anos o rosto amável do regime de Kadafi e era apontado como um possível sucessor, conectado ao Reino Unido e à Itália e que sustentava a tentativa de reconciliação de seu pai com a comunidade internacional.

Al Islam manteve essa política nos primeiros meses da eclosão da revolução líbia e da intervenção da Otan ao oferecer a realização de eleições, oferta que foi rejeitada pelos rebeldes e pela comunidade internacional.

Em junho de 2011, a Corte Penal Internacional (CPI) emitiu uma ordem de prisão contra ele e contra o seu pai por crimes de contra humanidade e foi acusado de assassinar e torturar de civis, crimes que sempre negou.

Al Islam foi capturado na cidade de Sebha pelas milícias de Zintan em 19 de novembro de 2011, um mês após seu pai ser espancado e morto na cidade de Sirte, quando aparentemente tentava fugir do país pela fronteira com o Níger.

Em 28 de julho do ano seguinte, e após um julgamento em ausência muito criticado, foi condenado à morte por um tribunal de Trípoli, sentença que não foi reconhecida por seus raptores, que sempre se negaram a entregá-lo tanto às autoridades na capital quanto ao tribunal internacional.

Desde julho do ano passado, vivia em um regime de semiaberto, controlado ainda pelas milícias de Zintan, mas com liberdade para receber todo tipo de visitantes.

Designado chefe das tribos do oeste da Líbia, formou uma plataforma de nostálgicos do antigo regime muito ativos em Túnis e no oeste de Trípoli, onde propõem o retorno ao poder da família Kadafi como a única via para resolver a crise no país.

A Líbia é um Estado falido, vítima do caos e da guerra civil desde 2011, quando a Otan contribuiu para a vitória dos rebeldes sobre a ditadura de Kadafi.

Seis anos depois, dois governos disputam o poder, um no oeste sustentado pela ONU e outro no leste sob a liderança de Khalifa Hafter, que controla mais de 60% do país.

A esse cenário se soma a poderosa cidade-estado de Misrata, principal porto comercial líbio, e dezenas de grupos armados de todo tipo que mudam frequentemente de alianças.

A situação favoreceu o desenvolvimento de máfias dedicadas tanto ao contrabando de petróleo quanto ao tráfico de armas, drogas e inclusive de pessoas.

Também se aproveitaram do caos grupos jihadistas e salafistas vinculados tanto ao Estado Islâmico quanto à Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) e os tunisianos da milícia Ansar al Sharia, que se estendem por todo o país.

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