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Filho de Kadafi tem ONG que defende os direitos humanos

Saif Kadafi esteve em São Paulo no ano passado para inaugurar uma exposição de arte financiada por sua instituição

Obras de artesanato líbio expostas no Museu Afro Brasil integravam exposição de Saif Kadafi (Divulgação/ Museu Afro Brasil)

Obras de artesanato líbio expostas no Museu Afro Brasil integravam exposição de Saif Kadafi (Divulgação/ Museu Afro Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2011 às 10h31.

São Paulo - Na primeira semana de março de 2010, o Brasil recebeu uma visita ilustre. Saif Kadafi, filho do ditador da Líbia, Muammar Kadafi, veio ao país para inaugurar sua exposição de arte em São Paulo. Arquiteto e artista plástico, Saif trouxe aos brasileiros a mostra "O deserto é silente", com obras próprias e outras peças arqueológicas e de arte contemporânea da Líbia.

A exposição foi coordenada pela organização não-governamental (ONG) Gaddafi International Foundation for Charitable Associations (Fundação Internacional Gaddafi para Associações de Caridade, em tradução livre), fundada pelo próprio Saif, e contou com o patrocínio da construtora Odebrecht. A mostra de arte que apresentava 39 quadros de Kadafi esteve em cartaz entre os dias 9 de março e 18 de abril de 2010 no Museu Afro Brasil.

Na página da ONG na internet está registrada a nobreza dos propósitos da instituição criada pelo mecenas líbio: realizar atividades de "desenvolvimento e ajuda humanitária nos campos social, econômico, cultural e dos direitos humanos".

E vai além. "A Fundação adota princípios que definem e guiam suas funções, como a proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais." Esta é a bandeira levantada pela instituição de Saif Kadafi, filho do homem que ocupa o poder na Líbia há 41 anos sem dar espaço para a oposição e sem convocar eleições.

A ONG, além de exposições de arte, tem projetos em defesa dos direitos humanos (Divulgação/ Museu Afro Brasil)

Na noite do último domingo (20), Saif fez um pronunciamento na televisão estatal líbia, desta vez com um tom diferente do usado quando ele fala em nome de sua Fundação. Ele considerou a possibilidade de haver um "banho de sangue" no país se os protestos continuassem.

O filho de Muammar Kadafi, e seu provável sucessor, afirmou ainda que o exército do país lutaria até o último minuto para destruir os opositores do país. "Em vez de chorar os 80 mortos destes últimos dias, se o caos chegar, choraremos centenas de milhares de nossos irmãos e seremos obrigados a fugir de nosso país."

Na segunda-feira (23), sob ordens de Muammar, militares líbios bombardearam a capital do país, Trípoli, atingindo diversos pontos de manifestações. Segundo a rede de televisão Al Jazeera, pelo menos 250 pessoas que estavam nas ruas pedindo a queda do regime foram mortas. A reação do governo confirmou a promessa feita pelo filho do ditador um dia antes, em seu pronunciamento. "Lutaremos até a última gota de sangue", declarou Saif à população de um deserto que já não é mais tão silente quanto ele imaginava.

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