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Filha de senador asilado diz que Morales é presa do medo

Em carta divulgada hoje, Denise Pinto, de 22 anos, lamentou que Morales peça "respeito à soberania do Equador" para que o australiano Julian Assange


	Morales: Desde que Morales chegou ao poder, em 2006, dezenas de opositores se refugiaram ou se asilaram nos países vizinhos
 (Jorge Bernal/AFP)

Morales: Desde que Morales chegou ao poder, em 2006, dezenas de opositores se refugiaram ou se asilaram nos países vizinhos (Jorge Bernal/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2012 às 17h43.

La Paz - A filha do senador boliviano Roger Pinto, que nesta terça-feira completa 100 dias de asilo na embaixada do Brasil em La Paz, afirmou que o presidente Evo Morales é "prisioneiro de seus próprios medos e contradições" ao negar o salvo-conduto que seu pai precisa para sair do país.

Em carta divulgada hoje, Denise Pinto, de 22 anos, lamentou que Morales peça "respeito à soberania do Equador" para que o australiano Julian Assange, que está asilado na embaixada equatoriana em Londres, deixe o Reino Unido, e por outro lado "negue a soberania ao Brasil para conceder asilo" ao senador.

"Meu pai está retido e privado de liberdade, mas o presidente é prisioneiro de seus próprios medos e contradições. Meu pai não pode ser livre porque denunciou a corrupção e o narcotráfico. O senhor Assange está sendo acusado de delitos sexuais. Quem pode entender tanta contradição?", questionou Denise.

A filha do parlamentar também perguntou se o líder de seu país "tem mais medo" de ver seu pai ficar livre para que continue "sua luta em liberdade" ou "de permitir que ele saia do território da Bolívia, demonstrando que em seu governo são violados os direitos humanos e são perseguidas pessoas que pensam diferente".

Pinto se refugiou na embaixada brasileira em 28 de maio com o argumento de que era vítima de uma "perseguição política" por acusar o governo de Evo Morales de corrupção e conivência com o narcotráfico.


O senador do conservador partido Convergência Nacional alegou na ocasião que temia ser preso. Morales e outras autoridades qualificaram a decisão do Brasil de dar o asilo político ao senador como "equivocada" e "irracional", e insistem que não concederão o salvo-conduto, pois alegam que Pinto não é um perseguido político, mas um acusado de corrupção.

Na embaixada brasileira, o parlamentar ocupa um novo quarto, onde dispõe de uma cama, escrivaninha, geladeira, televisão e um computador, além de um pequeno espaço para fazer exercícios e outro para receber visitas de sua filha Denise, amigos próximos e integrantes de seu partido político.

Denise, que é estudante de direito, assinalou que a situação de seu pai mostra "a intolerância e o desprezo aos mais elementares valores do ser humano", mas ao mesmo tempo permitiu conhecer a generosidade do governo da presidente Dilma Rousseff, a quem agradeceu pelo gesto.

Parentes e companheiros do senador se reuniram na segunda-feira pela noite na entrada da embaixada e oraram para que Morales conceda o salvo-conduto.

Desde que Morales chegou ao poder, em 2006, dezenas de opositores se refugiaram ou se asilaram no Brasil, Peru, Paraguai, Estados Unidos e Espanha, todos eles alegando perseguição política, enquanto o governo sustenta que se tratam de pessoas que fogem de processos de corrupção. 

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