Mundo

Fifa reduz suspensões de Blatter e Platini para seis anos

Nesta quarta-feira, a entidade negou o apelo apresentado pelo suíço que ainda esperava presidir o processo eleitoral que irá escolher seu sucessor


	Joseph Blatter: condenado por "abuso de poder", Blatter foi suspenso do futebol por oito anos
 (Ruben Sprich/Reuters)

Joseph Blatter: condenado por "abuso de poder", Blatter foi suspenso do futebol por oito anos (Ruben Sprich/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2016 às 17h45.

Zurique - O Comitê de Apelações da Fifa rejeitou o recurso apresentado por Joseph Blatter para cancelar a sua suspensão por oito anos e a reduziu para apenas seis anos, como a de Michel Platini, presidente da Uefa.

Assim, o cartola está de fora de forma definitiva das eleições presidenciais na entidade, marcadas para sexta-feira.

Nesta quarta-feira, a entidade negou o apelo apresentado pelo suíço que ainda esperava presidir o processo eleitoral que irá escolher seu sucessor. Ele usaria o evento para se despedir "de forma digna do futebol".

Mas esse privilégio não o será dado. Blatter havia até ameaçado impedir uma votação ao ser suspenso no final de 2015. Mas, desde então, mudou radicalmente seu discurso.

Condenado por "abuso de poder", Blatter foi suspenso do futebol por oito anos, numa decisão que foi considerada como um divisor de águas na história da entidade que, pela primeira vez, afastou do futebol o seu próprio presidente.

O gesto também passou a ser visto como uma demonstração de que a entidade quer "virar a página" em relação à corrupção, afastando seus antigos chefes. Agora, porém, a Fifa reduziu para seis anos as penas contra Blatter e Platini.

Mesmo assim, como Blatter já está com 79 anos, a decisão representa o fim de sua carreira na gestão do futebol. Ele esperava ser inocentado para que pudesse voltar ao comando da Fifa e entregar o cargo ao seu sucessor. Mas agora fica afastado de qualquer envolvimento com o futebol até 2021.

Blatter e Michel Platini foi punido por causa de uma transferência de US$ 2 milhões das contas da Fifa ao francês, em 2011. O Ministério Público da Suíça também investiga o caso.

Ambos fecharam um entendimento para apresentar a mesma argumentação ao Comitê de Ética da Fifa, a de que o dinheiro era um salário atrasado que a entidade devia para Platini.

Mas os juízes suspeitaram quando ficou claro que o salário era sobre um suposto serviço que ocorreu nove anos antes.

Blatter e Platini também defenderam a ideia de que não existia contrato por escrito para o trabalho do francês.

Para a Fifa, porém, a realidade é que houve suspeita de falsificação do balanço financeiro da entidade. Blatter era presidente e Platini, em 2011, seu vice.

Eles teriam de ter informado aos demais membros do Comitê Executivo da Fifa sobre o pagamento, o que não ocorreu.

Segundo o comunicado que divulgou a punição inicial, o pagamento de US$ 2 milhões "não tem base legal".

"Blatter não conseguiu demonstrar qualquer outra base legal para o pagamento", insistiu o Comitê de Ética. A tese de um "acordo de cavalheiros" não foi "convincente e rejeitada".

A comissão também admite que as evidências coletadas não foram suficientes para provar que se tratou de corrupção.

Mas aponta que a "conduta de Blatter em relação a Platini sem base legal constitui uma violação das regras da Fifa sobre dar e aceitar presentes e outros benefícios".

"Além disso, Blatter se encontrou em situação de conflito de interesse, falhando em publicar essa situação e a existência de interesses pessoais", indicou a Fifa.

A decisão apontou que Blatter colocou seus interesses pessoais sobre os da Fifa. "Suas ações não mostraram compromisso com uma atitude ética, demonstrando uso abusivo de sua posição de presidente da Fifa e violando as regras de conduta".

Blatter e Platini ainda podem recorrer à Corte Arbitral do Esporte. Mas a decisão dificilmente será revertida e marca o fim melancólico de dois dirigentes que, por anos, mandavam no futebol.

O ex-presidente tinha na Fifa sua própria vida e era acusado por opositores de confundir a história do futebol com a sua própria.

Blatter entrou na entidade ainda nos anos 1970 e passou a ser o braço-direito de João Havelange.

Juntos, os dois criaram um sistema clientelista no qual as federações nacionais recebiam privilégios, dinheiro e torneios em troca de um apoio incondicional aos dois cartolas em Zurique.

Apoiado principalmente por países irrelevantes no futebol, Blatter costurou a criação de um império que o permitiu vencer cinco eleições a partir de 1998.

Mais de cem federações pelo mundo dependiam praticamente de forma plena dos recursos que a Fifa os enviava.

No dia 27 de maio, a história de Blatter mudaria de forma profunda. Uma ação policial em Zurique e na sede da entidade fez com que as empresas patrocinadoras exigissem sua saída.

Quatro dias depois de vencer as eleições, o suíço foi obrigado a anunciar novas eleições, marcadas para a próxima sexta-feira.

Ele estava convencido, porém, que voltaria ao poder e usaria esse tempo para desmascarar e manobrar seus opositores, os eliminando.

Assim, em fevereiro de 2016, demonstraria às 209 federações nacionais que apenas ele poderia continuar mandando na Fifa.

O que ele não contava, porém, era com uma ação da polícia de Zurique que, em setembro, entrou na Fifa e o colocou como suspeito por corrupção e gestão desleal.

Apesar de insistir em sua inocência, foi obrigado a deixar seu escritório na Fifa.

Agora, com a decisão desta quarta-feira, segue afastado do futebol, mesmo que sua pena tenha sido reduzida para seis anos, assim como a de Platini.

Acompanhe tudo sobre:EsportesFifaFutebolJoseph Blatter

Mais de Mundo

Juiz adia indefinidamente sentença de Trump por condenação em caso de suborno de ex-atriz pornô

Disney expande lançamentos de filmes no dinâmico mercado chinês

Polícia faz detonação controlada de pacote suspeito perto da Embaixada dos EUA em Londres

Quem é Pam Bondi indicada por Trump para chefiar Departamento de Justiça após desistência de Gaetz