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Fifa mostra novo critério para países sediarem Copa do Mundo

A partir de 2026, o respeito aos direitos humanos será fator decisivo na disputa


	Copa do Mundo: países como Catar, Rússia, e possivelmente Brasil, não seriam selecionados
 (REUTERS/Marcos Brindicci)

Copa do Mundo: países como Catar, Rússia, e possivelmente Brasil, não seriam selecionados (REUTERS/Marcos Brindicci)

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Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2015 às 19h48.

São Paulo - A Fifa anunciou nesta terça-feira durante o Fórum das Nações Unidas de Direitos Humanos novos critérios para países sediarem a Copa do Mundo.

A partir de 2026, o respeito aos direitos humanos será fator decisivo na disputa. Isso significa que países como Catar e Rússia, e possivelmente Brasil, não seriam selecionados.

O novo critério terá como parâmetro os Princípios Orientadores sobre Direitos Humanos e Empresas da ONU, lançados em 2011, e que já foram adotados por 193 países.

Os princípios são orientações sobre a responsabilidade de Proteger, Respeitar e Remediar de Estados e empresas em relação aos direitos humanos.

"Nossa meta é entregar o melhor evento dentro das melhores possibilidades", afirmou Federico Addiechi, diretor de responsabilidade corporativa da Fifa.

"Mas sabemos que as expectativas são pouco realistas em relação ao evento, pois não podemos resolver todos os problemas já existentes."

A decisão vem em bom momento, já que a Fifa precisa reavaliar sua estratégia após os escândalos de remoções forçadas e casos de exploração sexual infantil no Brasil, além dos casos de trabalho escravo no Catar.

Após a construção do Itaquerão, para a abertura do Mundial de 2014, o Ministério Público do Trabalho emitiu recomendação responsabilizando as 30 empresas envolvidas nas obras do entorno e exigindo que adotasse medidas de prevenção para que seus trabalhadores não se envolvessem com exploração sexual infantil.

"Essa notícia tem que ser interpretada com cautela. Por um lado é importante porque passa a mensagem que os negócios tem que respeitar os direitos humanos, por outro não pode ser uma desculpa para que a Fifa não terceirize sua responsabilidade nos países e não controle seus impactos", afirma Flávia Scabin, coordenadora do Grupo de Pesquisa sobre Direitos Humanos da FGV.

"A questão é como a Fifa irá averiguar o cumprimento pelos Estados e pelas empresas perante os direitos humanos", afirma Caio Borges, advogado do projeto de direitos humanos da ONG Conectas.

"Os princípios orientadores dizem que estados e empresas devem respeitar todos os direitos humanos, sem distinção. Atualmente, pode se dizer que nenhum estado respeita integralmente todos os direitos humano, seja país rico ou em desenvolvimento."

Não se sabe qual será o filtro da Fifa, mas há um potencial da escolha ficar pequena. Bem menor do que a entidade está acostumada a trabalhar. Resta saber se funciona.

O anúncio gerou certo mal estar dentre os participantes do evento, Brent Wilton, diretor global de direitos humanos da Coca Cola, uma das maiores patrocinadoras de eventos esportivos do mundo, chegou a sugerir que a Fifa também aplicasse os princípios para os eventos que estão em andamento, a fim de evitar os problemas atuais.

Addiechi não gostou: "Isso não significa que hoje em dia não temos uma estratégia transparente para divulgar nossas metas e o impacto que vamos gerar na comunidade."

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