Mundo

Fernández encontra papa Francisco e busca apoio para negociar com FMI

Após receber apoio de líderes europeus na negociação com o FMI, o presidente argentino se encontra nesta quinta-feira com o papa Francisco em continuação de sua viagem pela Europa

Papa Francisco ao lado de Alberto Fernández e sua esposa, Fabiola Yanez, em 2020: presidente argentino faz nova visita ao papa nesta quinta-feira (REMO CASILLI/POOL/AFP/Getty Images)

Papa Francisco ao lado de Alberto Fernández e sua esposa, Fabiola Yanez, em 2020: presidente argentino faz nova visita ao papa nesta quinta-feira (REMO CASILLI/POOL/AFP/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 13 de maio de 2021 às 06h00.

Esta reportagem faz parte da newsletter EXAME Desperta. Assine gratuitamente e receba todas as manhãs um resumo dos assuntos que serão notícia.

O presidente argentino, Alberto Fernández, vai em busca de uma dose de "ajuda divina" na negociação das dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em continuação de sua viagem pela Europa, que iniciou nesta semana, o mandatário argentino se encontra nesta quinta-feira, 13, com o conterrâneo papa Francisco no Vaticano.

Nos últimos dias, Fernández já passou por outros países europeus, em uma sequência de viagens destinada a angariar apoio para a negociação da dívida argentina com o FMI. Uma parcela do montante vence no fim deste mês, e a Argentina, imersa na crise econômica da covid-19, tenta um acordo para adiar o pagamento.

Fernández já havia se encontrado com Francisco no Vaticano em janeiro de 2020, antes do começo da pandemia. Na ocasião, os dois trocaram livros e conversaram por 44 minutos -- segundo o jornal argentino Clarín, foi o dobro do tempo que o papa dedicou ao antecessor, o ex-presidente Mauricio Macri (2015-19).

Além da conversa com o papa nesta quinta-feira, a expectativa é que seja confirmada uma agenda com a diretora do FMI, Kristalina Georgieva. Fernández prorrogou até sexta-feira sua estadia na Europa, que terminaria hoje, na expectativa de se encontrar com Georgieva pessoalmente.

Ao longo da semana, o presidente argentino obteve declarações de apoio de Portugal, Espanha e, mais recentemente nesta quarta-feira, da França, quando esteve em Paris para um almoço com o presidente Emmanuel Macron. "Conheço seus esforços, presidente, e a França está ao seu lado", disse Macron sobre a renegociação da dívida argentina.

No encontro, Fernández também recebeu um livro com uma dedicatória do presidente francês, que escreveu em espanhol parabenizando o colega argentino pela legalização do aborto no país -- aprovada no Congresso no fim do ano passado após decreto presidencial.

Macron e Fernández em almoço em Paris: presidente argentino recebeu apoio do colega francês na negociação da dívida (AFP/AFP)

A viagem de Fernández a Europa acontece um mês depois de seu ministro da Fazenda, Martín Guzmán, ter ele próprio feito um tour pela região para angariar aliados. Também hoje, Guzmán, que está na Itália ao lado do presidente, participa de um evento ao lado de um representante do FMI e da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen (também ex-diretora do FMI).

Na semana que vem, Fernández deve conversar ainda com a chanceler alemã, Angela Merkel, mas por videoconferência. Obter o apoio dos principais países europeus será crucial para o processo de negociação argentino.

Ao todo, a dívida argentina com o FMI, contraída na gestão Macri, é de mais de 44 bilhões de dólares -- o valor é mais de 60% de todos os créditos pendentes que têm o FMI com todos os países do mundo. Fernández classifica o montante como "impagável".

Os argentinos buscam mudar a taxa de juros, que pode obrigar o país a pagar, só neste ano, quase 1 bilhão de dólares.

Além da dívida com o FMI, a Argentina deve também a credores internacionais e alguns fundos abutres, mas essa parte da dívida foi negociada sobretudo em 2020 com condições relativamente vantajosas para a Argentina -- movimento que foi lido como vitória do governo Fernández e do ministro Guzmán.

O PIB argentino encolheu 10% em 2020 diante da crise do coronavírus. Enquanto isso, como em outros lugares da América do Sul, há preocupação crescente com a variante brasileira do coronavírus, a P1 encontrada em Manaus. No país, que tem pouco mais de 40 milhões de habitantes (o tamanho do estado de São Paulo), a média móvel de mortes subiu de menos de 200 vítimas por dia em março para quase 450 nos últimos dias.

Cerca de 17% da população do país foi vacinada ao menos com a primeira dose da vacina contra a covid-19, taxa similar à brasileira.

    • Assine a EXAME e acesse as notícias mais importantes em tempo real.

      De 1 a 5, qual sua experiência de leitura na exame?
      Sendo 1 a nota mais baixa e 5 a nota mais alta.

       

      Seu feedback é muito importante para construir uma EXAME cada vez melhor.

       

       


Ouça o último episódio do podcast EXAME Política

Acompanhe tudo sobre:Alberto FernándezArgentinaDívida públicaEmmanuel MacronExame HojeFMIPapa Francisco

Mais de Mundo

Reino Unido pede a seus cidadãos que deixem o Líbano em voos comerciais

Qual o risco de guerra entre Líbano e Israel após as explosões de pagers?

Guarda Revolucionária do Irã promete 'resposta esmagadora' por ataques no Líbano

Biden receberá Zelensky na Casa Branca para falar sobre guerra com a Rússia