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Fernández e Macri discutem transição em meio a futuro incerto na Argentina

Reunião, realizada após Fernández ganhar as eleições, representa uma espécie de "oferta de paz" enquanto o país passa por uma forte crise econômica

Macri e Fernández: após resultado das eleições, políticos fizeram reunião para discutir sobre a transição de governo  (Argentina Presidency/Handout/Reuters)

Macri e Fernández: após resultado das eleições, políticos fizeram reunião para discutir sobre a transição de governo (Argentina Presidency/Handout/Reuters)

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Reuters

Publicado em 28 de outubro de 2019 às 15h28.

Buenos Aires — O presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, e o líder derrotado em sua tentativa de reeleição, Mauricio Macri,reuniram-se nesta segunda-feira (28) para buscar uma maneira de amenizar a difícil transição política no país, depois que os peronistas reconquistaram o poder e levarão a esquerda novamente ao palácio presidencial em dezembro.

A reunião de uma hora de duração, realizada após Fernández ter conquistado uma vitória decisiva sobre Macri em uma eleição no domingo, representou uma espécie de oferta de paz em meio a uma crise econômica que atingiu os quase 45 milhões de argentinos e deixou o país a caminho de um calote.

Como Macri e Fernández irão trabalhar juntos nas próximas semanas antes de o novo governo tomar posse em 10 de dezembro será fundamental. A Argentina vai negociar com os credores de mais de 100 bilhões de dólares em dívidas, as reservas estão diminuindo e a inflação está altíssima.

Os dois líderes não falaram com jornalistas após a reunião realizada de manhã na Casa Rosada, mas o ministro da Fazenda, Hernán Lacunza, disse em entrevista coletiva que os dois haviam tido um "bom diálogo".

Fernández enfrenta um grande desafio para revitalizar a economia argentina, que ficou em recessão por grande parte do ano passado, enquanto enfrenta uma montanha crescente de pagamentos de dívidas em meio a preocupações de que o país possa ser forçado a um calote.

Investidores, que acompanharam de perto as reviravoltas da eleição, agora estão em busca de sinais de Fernández sobre as prováveis políticas econômicas e a composição de sua equipe, e também em qual será o papel de sua vice-presidente, Cristina Kirchner, que comandou o país de 2007 a 2015.

O setor agrícola do país --o principal motor das exportações argentinas-- também está procurando sinais de como o presidente eleito entrará em contato com o setor, com alguns temendo que ele adote medidas mais protecionistas.

O peso argentino fechou com alta de 0,65% nesta segunda-feira, com a cotação subindo depois que o banco central aumentou os controles sobre as compras de moedas nas primeiras horas da manhã.

Os títulos da Argentina em dólar caíam 1,6% em média, enquanto o índice de risco-país subiu 100 pontos.

Os argentinos colocaram o país em uma direção diferente depois dos quase quatro anos de Macri, que tentou impulsionar reformas de mercado, mas que enfrentou uma forte desaceleração da economia desde o ano passado.

"A verdade é que estou feliz com a mudança, não queríamos continuar com o mesmo governo e espero que as coisas mudem um pouco agora para todos, porque estava ruim", disse Ramora Pérez, de 61 anos, em Buenos Aires.

As autoridades argentinas estão se preparando para negociações difíceis com os credores de mais de 100 bilhões de dólares em uma dívida soberana, que se tornou dolorosamente cara para o país.

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