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Fatah e Hamas acertam reinstaurar governo de união em Gaza

Presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, havia acusado o Hamas de manter um governo paralelo em Gaza

Azzam al-Ahmad (e) e Mussa Abu Marzuk se reúnem em um hotel do Cairo (Khaled Desouki/AFP)

Azzam al-Ahmad (e) e Mussa Abu Marzuk se reúnem em um hotel do Cairo (Khaled Desouki/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2014 às 15h20.

Cairo - O partido palestino Fatah e o movimento islamita Hamas acertaram nesta quinta-feira, no Cairo, permitir que seu frágil governo de unidade, ameaçado pelas inúmeras divergências entre as partes, volte a exercer sua autoridade na Faixa de Gaza.

Este anúncio ocorre num momento de tensão entre os dois movimentos. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, havia acusado o Hamas de manter um governo paralelo em Gaza e de impedir que o governo de unidade nomeado em junho exercesse sua autoridade no território palestino.

Após anos de divisões, o Hamas e a Organização de Libertação da Palestina (OLP), cujo principal membro é o Fatah, assinaram em abril um acordo de reconciliação que em junho deu lugar a um governo de unidade formado por independentes.

"Fatah e Hamas chegaram a um acordo para uma volta do governo de união na Faixa de Gaza", informou à AFP um membro da delegação do Fatah no Cairo, Jibril Rajub.

A informação foi confirmada por Azzam Al-Ahmad, o chefe da delegação do Fatah, e por Mussa Abu Marzouk, um alto dirigente do Hamas.

O anúncio deve permitir aos palestinos apresentar uma frente unida durante as negociações indiretas com Israel previstas para o final de outubro. Essas negociações, sob os auspícios do Egito, visam estabelecer uma trégua durável na Faixa de Gaza após a assinatura no final de agosto de um cessar-fogo que acabou com 50 dias de conflito sangrento.

A guerra empreendida por Israel em Gaza nos meses de julho e agosto fez mais de 2.100 mortos do lado palestino, em sua maioria civis, e mais de 70 entre os israelenses, incluindo 66 soldados.

O acordo desta quinta-feira é fundamental diante da conferência de doadores que será realizada no dia 12 de outubro no Cairo, já que muitas capitais condicionam sua ajuda para a reconstrução de Gaza à presença de um governo de unidade no enclave palestino, uma vez que o Hamas é considerado pelos Estados Unidos e pela União Europeia como um grupo terrorista.

Estratégia unificada

No início de setembro, especialistas palestinos estimaram em seis bilhões de euros os custos para a reconstrução de Gaza e afirmaram que este processo levaria cinco anos, caso o bloqueio ao território imposto por Israel fosse retirado completamente.

Segundo o acordo desta quinta-feira, "o governo de união supervisionará os postos de passagem para Gaza (...) para facilitar a reconstrução" da região e a entrada de material de construção, anunciou Abu Marzuk durante uma coletiva de imprensa.

Abu Marzuk também anunciou que uma solução foi encontrada "para o problema dos funcionários", enquanto o movimento islamita criticava a Autoridade pela falta de pagamento dos salários de seus aproximadamente 45.000 funcionários em Gaza.

"Este encontro foi muito importante. Conseguimos tratar todos os assuntos que eram obstáculos" para a aplicação do acordo de reconciliação assinado em abril, garantiu Abu Marzuk.

Na quarta-feira, uma autoridade do Fatah, Azzam al-Ahmad, afirmou que as conversas no Cairo também permitiriam que os palestinos definissem uma "estratégia unificada" contra Israel, enquanto Abbas deve falar na sexta-feira para a Assembleia Geral da ONU para exigir a adoção de uma resolução exigindo o fim, dentro de três anos, da ocupação israelense.

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