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Farc querem que governo implemente acordo sobre drogas

As Farc disseram que, para estabelecer a paz, "é necessário encontrar solução ao problema das drogas ilícitas"


	Soldados das Farc: para estabelecer a paz, "é necessário encontrar solução ao problema das drogas ilícitas"
 (Pedro Ugarte/AFP)

Soldados das Farc: para estabelecer a paz, "é necessário encontrar solução ao problema das drogas ilícitas" (Pedro Ugarte/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2015 às 15h10.

Havana - Os negociadores das Farc no processo de paz com o governo da Colômbia disseram neste domingo que estão dispostos a pactuar com o Executivo os procedimentos necessários para implementar o acordo sobre o ponto das drogas e cultivos ilícitos alcançado ano passado durante o diálogo em Cuba.

A guerrilha fez esta consideração no habitual comunicado diário à imprensa em Havana, onde as Farc evitaram hoje se pronunciar sobre as declarações do chefe negociador do governo, Humberto de la Calle, que afirmou em entrevista que o processo passa por seu "pior momento" desde que as conversas começaram em Cuba, em novembro de 2012.

Em sua declaração de hoje, as Farc disseram que para "estabelecer os fundamentos para a construção de uma paz estável e duradoura é necessário, entre outros, encontrar uma solução definitiva ao problema das drogas ilícitas, incluindo os cultivos de uso ilícito e a produção e comercialização de drogas ilícitas".

"Um passo nessa direção, acompanhado de outros gestos de desescalamento, que em curto tempo leve às partes a suspender definitivamente as ações armadas, não só retomaria a confiança e a credibilidade do processo, mas o colocaria em um novo patamar, a salvo de pressões e das provocações de seus inimigos", indicou o comunicado lido pelo comandante "Carlos Antonio Lozada".

A guerrilha disse que vê "passos importantes" na luta do Estado colombiano contra as drogas e ressaltou as declarações do ministro da Justiça, Yesid Reyes, que havia dito que "é hora de redesenhar a política de drogas", assim como a decisão do governo de "acatar" a recomendação de "suspender" as fumigações com glifosato.

Também destacou que tem manifestando a "necessidade" de começar a implementar os acordos alcançados na Mesa de Diálogos de Havana "sem esperar" que se chegue a acordos em todos os pontos pactuados na agenda das negociações.

O acordo parcial sobre o ponto de "Solução ao problema das drogas ilícitas" contém os "elementos essenciais sobre os quais se pode construir um plano integral para a substituição destes cultivos" em todo o território nacional.

O acordo sobre drogas possui três vertentes para atacar este flagelo: programas de substituição de cultivos ilícitos, de saúde pública e prevenção do consumo e de uma solução ao narcotráfico.

Nesse sentido, as Farc se comprometeram ano passado a contribuir para a solução definitiva do problema das drogas ilícitas e a terminar "qualquer relação com o narcotráfico em um cenário de fim de conflito"; e o governo a "intensificar e enfrentar de maneira decidida a luta contra a corrupção nas instituições" causada pelas drogas ilícitas.

"Nada há nos acordos alcançados que não seja possível de materializar dentro das leis vigentes. Sua aplicação, portanto, é, sobretudo uma questão de vontade política e, se se quiser, de justiça social para com os milhões de colombianos afetados pelas problemáticas que se procura resolver", afirmou hoje a guerrilha.

Dos diálogos de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) já foram pactuados acordos em três dos cinco pontos da agenda: desenvolvimento agrário integral, participação política e drogas e cultivos ilícitos.

Os negociadores colombianos retomaram na sexta-feira as conversas do 38º ciclo dos diálogos de paz, após um recesso de cinco dias. 

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